Criada em 2016, a L Catterton é fruto da associação entre o fundo americano Catterton, a holding familiar de Bernard Arnault e o LVMH, grupo de luxo controlado pelo bilionário francês e dono de marcas como Louis Vitton e Dior.

Com essas credenciais, a gestora se consolidou como uma das principais empresas de private equity focadas no segmento de consumo, acumulando um histórico de mais de 250 investimentos e cerca de US$ 35 bilhões de ativos sob gestão.

Agora, a companhia estuda reforçar essa coleção com uma nova peça. O mais novo objeto de desejo na prateleira da L Catterton é a Mattel, fabricante americana de brinquedos que tem como carro-chefe a boneca Barbie, além de marcas como Hot Wheels e Fischer-Price.

Segundo a agência Reuters, que citou fontes próximas a essas negociações, a gestora fez uma proposta de aquisição da fabricante. Esse movimento, por sua vez, chegou ao conhecimento da americana Hasbro, rival da Mattel, que também estaria estudando investir em um acordo com a empresa.

Procurada, a Mattel respondeu que não comentaria sobre especulações e acrescentou que está muito confiante em sua “capacidade de criar valor de longo prazo para os acionistas como uma empresa independente”.

O fato é que, após esses rumores virem à tona, as ações da companhia tiveram um salto de mais de 20% no início da tarde desta segunda-feira, 22 de julho, na Nasdaq. Os papéis encerraram o dia na bolsa de valores americana com alta de 15,10%, dando à empresa um valor de mercado de US$ 6,4 bilhões.

Na contramão desse rali, até então, antes do pregão de hoje, as ações da Mattel registravam uma queda de mais de 24% nos últimos doze meses. Com o impulso das negociações dessa segunda-feira, os papéis acumulam uma desvalorização de 1% em 2024.

Mesmo após o sucesso de bilheteria e da repercussão na mídia do filme Barbie, lançado em 2023, a Mattel vem lidando com uma demanda menos aquecida por seus brinquedos, o que vem se refletindo em seus resultados.

No primeiro trimestre de 2024, a fabricante reportou uma receita líquida de US$ 809,5 milhões, queda de 1% sobre igual período, um ano antes. Entre janeiro e março, a empresa apurou um prejuízo líquido de US$ 23 milhões, uma perda menor do que o esperado por analistas.

Apesar da melhora na última linha, conquistada a partir de um rígido controle de custos, o balanço seguiu alimentando as preocupações dos investidores em relação à lucratividade da companhia e aos impactos de marcas e franquias não lucrativas do portfólio da operação.

Como parte desse contexto, em fevereiro, o fundo ativista Barington Capital, um dos acionistas da Mattel, pressionou a fabricante para que explorasse opções para marcas do seu guarda-chuva. Entre elas, a Fisher-Price e American Girl.

De olho em uma possível oferta de associação com a Mattel, a americana Hasbro também teve suas operações afetadas afetada pelas vendas mais fracas de brinquedos e jogos. Em dezembro, a empresa anunciou um corte de 20% em seu quadro de funcionários.

Com brinquedos Transformers e jogos como o Monopoly em seu portfólio, a companhia apurou uma receita líquida de US$ 757,3 milhões no primeiro trimestre, contra US$ 1 bilhão um ano antes. A empresa teve, porém, um lucro de US$ 59,1 milhões, revertendo a perda de US$ 21,7 milhões em igual período de 2022.

Em 2023, a Mattel e a Hasbro anunciaram uma parceria para criar brinquedos e jogos em uma marca compartilhada de algumas de suas ofertas mais populares, incluindo as bonecas Barbie e os jogos Monopoly.

Na época, analistas ressaltaram que uma fusão poderia desbloquear muito valor para as duas empresas. Mas destacaram que um eventual acordo nessa direção enfrentaria grandes obstáculos antitruste.