A TM3 Capital, gestora de investimentos alternativos de Marcel Malczewski, cofundador da Bematech, e de Jon Toscano, pela primeira vez vai deixar o país em busca de novos investidores para o seu novo fundo.

Com mais de R$ 500 milhões sob gestão, a gestora traçou como estratégia para o seu sexto fundo de venture capital captar US$ 30 milhões de um total de US$ 100 milhões fora do Brasil.

“Há espaço para estrangeiros investirem em fundos que atuam ou investem no mercado brasileiro”, diz Malczweski, em entrevista ao NeoFeed. “O ecossistema brasileiro de startups amadureceu nos últimos anos e isso atrai os investidores.”

Para conseguir atrair o capital estrangeiro, a TM3 Capital pretende firmar parcerias com agentes locais para viabilizar roadshows em mercados estratégicos. Esses especialistas estão em fase final de acordo e a expectativa é que os primeiros acordos saiam já em setembro “Não dá para ‘ir para fora’ com uma mão na frente e outra atrás”, diz Malczweski.

Os US$ 70 milhões restantes para completar o sexto fundo da gestora será captado em território nacional. Parte do capital pode vir de sócios que já investiram nos outros cinco fundos da TM3 Capital.

A tese de investimento desse sexto fundo está em fase final de construção, mas a ideia de Malczweski é aportar startups que atuam com o agronegócio. Isso pode incluir não apenas as agtechs, mas também fintechs que operam com financiamentos para o setor e empresas de energia renovável.

“As startups voltadas para o agronegócio ainda estão em um grau de maturidade menor, mas há espaço para investir com cheques maiores”, afirma Malczweski. “O investimento pode ajudar na consolidação das empresas.”

Os cheques que a TM3 Capital está disposta a assinar são de, aproximadamente, US$ 5 milhões em rodadas de séries A e B. Entre os detalhes finais para o lançamento do fundo, uma definição já foi tomada: o sexto fundo não pode investir em startups dentro do Espírito Santo ou que tenham algum tipo de ligação com o Estado.

A limitação territorial de atuação está no risco de conflito com o quinto fundo de venture capital da TM3. Lançado no ano passado, esse veículo é um fundo de investimento soberano desenhado em conjunto com o Governo do Espírito Santo.

O capital de R$ 250 milhões vem dos royalties da indústria de óleo e gás da região e todos os aportes são voltados para startups que apoiam a chamada indústria 4.0 capixaba.

O veículo já fez investimentos em startups como SwitchApp, que tem um aplicativo para a contratação de profissionais freelancers; Fisarmonica, edtech voltada para o ensino de música; e Lau Fintech, que reduz custos com serviços terceirizados de diferentes setores.

Ao buscar uma captação com investidores estrangeiros, a TM3 Capital segue os passos de Futurum Capital, Oria Capital e Outcast Ventures, que foram as gestoras que se aventuraram com mais afinco para fora do Brasil em busca de novos sócios para seus fundos de venture capital.

Malczewski é um dos fundadores da Bematech, empresa de automação comercial brasileira que abriu o capital em 2007.  OIto anos depois, a companhia foi vendida para a Totvs, de Laércio Cosentino, numa transação de R$ 550 milhões. Em 2019, a Totvs vendeu a Bematech para a Elgin.

Histórico de fundos

Desde 2011, a TM3 investiu em mais de 60 startups em seus cinco fundos lançados. Foram 16 saídas realizadas. Nesse número também estão contabilizados os quatro write-offs que a gestora realizou em pouco mais de uma década.

Os dois primeiros fundos da TM3 foram de R$ 11 milhões e R$ 20 milhões, respectivamente, e investiram em sete startups. O primeiro durou três anos e foi encerrado em 2014. O segundo deve fazer o desinvestimento ainda neste ano.

Depois dessas experiências iniciais, a gestora lançou um terceiro veículo de investimento no valor de R$ 20 milhões. O fundo foi dividido em três fundos menores e eram especializados em investimentos early stage. Dois aportes se destacaram: na Hiper (comprada pela Linx em 2019) e na vhsys (investida pela Stone em 2021).

O quarto veículo, de R$ 100 milhões, trouxe como diferencial o fato de ter sido o primeiro a contar com investidores institucionais. Entre eles estão Bradesco e BNDES, além de family offices.

Nos próximos dias, gestora deverá fazer seu sexto e último investimento do fundo. Em maio, a gestora coinvestiu em uma rodada de R$ 33 milhões liderada pela Provence Partners na Track.co.