Antes o homem mais rico da China, Jack Ma agora está enfrentando problemas financeiros. O que não significa que o fundador do Alibaba esteja com dificuldade para pagar suas contas. O que ocorre é que a Yunfeng Capital, sua empresa de private equity fundada em 2010, está com dificuldade para captar dinheiro junto aos investidores.

Quem assina (ou assinava) cada cheque está preocupado com a forma como isso vai ser encarado por órgãos reguladores de mercado na China. O bilionário entrou na mira das autoridades financeiras em outubro de 2020, quando criticou a atuação dos reguladores financeiros, afirmando que os órgãos estavam sufocando a inovação no país.

Coincidência ou não, a partir de então os problemas envolvendo Ma se acumularam. Ainda em 2020, o governo chinês forçou o Ant Group – empresa ligada ao Alibaba – a cancelar seu IPO poucos diante da estreia na bolsa de valores. Com planos de levantar US$ 37 bilhões, aquela seria a maior oferta pública de ações da história e avaliaria a companhia em mais de US$ 300 bilhões.

Meses depois, o Alibaba foi multado em US$ 2,8 bilhões como resultado de uma investigação antitruste. Ao mesmo tempo, Ma estava desaparecido dos holofotes – o que gerou especulações de que ele poderia até mesmo estar preso em regime domiciliar. Os boatos não se confirmaram, já que o empresário foi visto duas vezes em viagens na Europa.

Agora, os problemas de Ma que envolvem a Yunfeng se dão porque a maior fonte de receita de fundos de private equity e venture capital na China vem diretamente do bolso de investidores apoiados pelo governo local. Segundo o site The Information, há receio em apoiar qualquer pessoa que possa estar do lado errado do presidente Xi Jinping.

Fundada por Ma e por David Yu e com mais de US$ 10 bilhões em ativos sob gestão, a Yunfeng já investiu em algumas empresas conhecidas da China, como a montadora de carros elétricos XPeng, a fabricante de smartphones Xiaomi e o aplicativo de vídeo Kuaishou. A gestora também é investidora da Ant. Segundo o Pitchbook, mais de 130 empresas estão na carteira da gestora.

Enquanto não capta novos recursos, a Yunfeng continua investindo com o que sobrou do dinheiro obtido anteriormente. Em 2020, a gestora levantou quase US$ 3 bilhões para um veículo de investimento focado em empresas que, conforme crescessem, tinham planos para listar suas ações em bolsas de Hong Kong e dos EUA. 

A gestora também levantou outros fundos, agora em moeda chinesa, para investir exclusivamente em startups do país e que planejavam abrir capital em bolsas da própria China continental. Neste contexto, vale citar um investimento feito na Contemporary Amperex Technology Ltd., fornecedora de baterias de carros elétricos que abriu seu capital na bolsa de valores de Shenzhen em 2018.

Mais recentemente, os investimentos foram focados em startups chinesas mais maduras, como a Yitu, de inteligência artificial, e a Horizon Robotics, que fabrica chips. A Nreal, focada em dispositivos de realidade aumentada, e a Xinguyn, de supply chain para e-commerce, também foram investidas.