A fintech britânica Revolut desembarcou no Brasil em maio deste ano sob a expectativa de provar que seu negócio poderia ser escalado para novos mercados. No entanto, seu maior desafio é a corrida contra o tempo: se impor sem ter de queimar caixa de forma acelerada (e sem a necessidade de novas injeções de capital).
Com mais de US$ 1,7 bilhão captados com gigantes como SoftBank, TCV, DST Global e outras gestoras, de acordo com o Crunchbase, a Revolut ainda não precisou recorrer ao mercado de capitais em busca de mais dinheiro. Mas, a má notícia é que isso não impediu um impacto no valor de mercado da startup que oferece uma conta bancária e um cartão de crédito internacional.
Na quinta-feira, 15 de junho, a gestora Molten Ventures reduziu em 40% o valor da sua participação na Revolut para £ 54,5 milhões (US$ 69,7 milhões no câmbio atual). O montante ainda é quase oito vezes maior do que o investido em 2018, quando a empresa de capital de risco aportou £ 7,1 milhões (US$ 9,1 milhões) na fintech.
O movimento da Molten não é isolado. Em abril, a gestora de ativos Schroders anunciou que, no fim de 2022, estabeleceu uma redução do valor de sua participação na Revolut em 46%. No fim do ano, a fatia valia cerca de £ 5,4 milhões (US$ 6,9 milhões), segundo reportado pelo Financial Times.
Essas remarcações na Revolut foram feitas pelas gestoras com as menores participações - e algo que tem sido feito de forma generalizada com as startups nos portfólios dos fundos. Mas, neste caso, não se sabe como está a precificação na carteira daqueles que fizeram os maiores aportes.
Em sua última avaliação privada, o valuation da Revolut por investidores foi de US$ 33 bilhões. Mas isso aconteceu em julho de 2021. Na época, a companhia havia batido o recorde de empresa de tecnologia mais valiosa do Reino Unido - o que só foi superado em janeiro do ano seguinte, quando a Checkout.com atingiu um valuation privado de US$ 40 bilhões.
Desde então, contudo, o mercado virou de cabeça para baixo e algumas avaliações privadas de fintechs despencaram. Somente na Europa, a Klarna viu seu valor de mercado derreter de US$ 46 bilhões para US$ 7 bilhões. Já o valor da SumUP foi reduzido a menos da metade com o último aporte recebido.
Ainda não se sabe os fatores que levaram as duas gestoras a baixarem suas avaliações da Revolut. O que se sabe até o momento é que, no caso da Molten, a decisão partiu de pontos que levam em consideração fatores como múltiplos de receita e não problemas relacionados a licenças e outras questões.
Um desses problemas é a aguardada concessão da licença bancária por órgãos reguladores do Reino Unido. O processo, que geralmente leva um ano, está em andamento desde janeiro de 2021. Recentemente, em maio de 2023, Nik Storonsky, CEO da Revolut, justificou os atrasos ao dizer que a crise bancária tornou os reguladores “mais cautelosos”.