Quase um ano atrás, a Lemon Energia anunciou a captação de R$ 60 milhões em um aporte de série A liderado pela Kaszek e que marcou a chegada da gestora americana Lowercarbon Capital ao Brasil. A intenção da startup com o dinheiro era expandir para além de Minas Gerais, onde a companhia conecta usinas de energia limpa com redes de grandes distribuidoras para gerar créditos para seus clientes.
Nos últimos meses, a Lemon tirou do papel o seu plano de expansão e desembarcou em mais quatro estados: Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo e Goiás, além de Brasília, no Distrito Federal.
A expectativa é de que a startup, que dobrou sua equipe no último ano para 120 funcionários, consiga também dobrar o número de empresas atendidas por seu serviço. Atualmente, a Lemon conta com cerca de 5 mil clientes.
Para isso, Goiás e São Paulo devem representar entre 25% e 20% do negócio. "São praças que oferecem uma grande oportunidade à Lemon”, diz Rafael Vignoli, fundador e CEO da Lemon, em entrevista ao NeoFeed.
Esses clientes, que não precisam instalar qualquer equipamento, são em geral pequenas e médias empresas que gastam entre R$ 500 e R$ 8 mil por mês em contas de energia. De acordo com Vignoli, a maior parte está concentrada em negócios como bares, restaurantes, mercearias, supermercados e lavanderias.
Para atender a esses estabelecimentos, a Lemon faz a ponte entre distribuidoras como Elektro, Light, CPFL, Equatorial e CEB com geradores de energia limpa (solar, biogás, eólica e hidrelétrica). Com os créditos gerados, os estabelecimentos conseguem economizar entre 10% e 20% na conta de eletricidade.
Em outra frente do negócio, a Lemon está começando a desenhar um plano para atender também pessoas físicas. A previsão é fazer isso até o fim do ano que vem. “Temos um foco de entregar o melhor produto para os pequenos negócios. Quando isso estiver bem azeitado, vamos partir para as residências”, diz Vignoli.
Além da rodada de R$ 60 milhões levantada no ano passado, a startup recebeu também uma injeção de capital de US$ 1 milhão das gestoras brasileiras Canary e Big Bets e a Z-Tech, o braço de corporate venture capital (CVC) da cervejaria Ambev.
Em relação a Ambev, Lemon tem um acordo em vigor em que foi escalada para tocar um projeto para levar energia limpa para 250 mil bares e restaurantes no Brasil. O objetivo é ajudar a cervejaria em seu plano para zerar as emissões de carbono geradas pela empresa e por terceiros de sua cadeia até 2040. Se a meta for alcançada, a Lemon vai conseguir evitar a emissão de 290 mil toneladas de CO2 na atmosfera.
Questionado sobre metas para atingir o breakeven, Vignoli afirma que não há expectativa para isso no curto prazo. “A gente entende que ainda tem bastante crescimento pela frente e precisa continuar investindo”, diz Vignoli. “Temos bons números e estamos alinhados com os investidores num plano de longo prazo.”