O executivo Guilherme Horn, head do WhatsApp no Brasil, Índia e Indonésia, defende a tese de que a tecnologia está entrando em uma terceira onda. A primeira foi composta por sites. Depois, foi a vez dos apps. Agora, dos agentes de IA. E a união da IA conversacional em conjunto com o WhatsApp está criando uma safra de startups que utilizam o aplicativo de mensagem da Meta como o motor de seu modelo de negócio.
Para não ficar fora dessa “festa”, o WhatsApp está criando um hub de startups no Brasil, com o objetivo de se aproximar desses empreendedores. A iniciativa, liderada por Horn, marca um movimento estratégico para posicionar o aplicativo não apenas como ferramenta de comunicação.
“Queremos que o WhatsApp seja visto como uma plataforma de negócios, capaz de catalisar novos modelos impulsionados por inteligência artificial”, afirma Horn, ao NeoFeed.
A primeira seleção de startups do hub do WhatsApp contou com 200 participantes. Mas só metade delas foi aprovada. Foram priorizadas aquelas com produtos testados e clientes ativos, evitando empresas em estágio muito inicial.
Segundo Horn, o perfil dos empreendedores é maduro: muitos estão em sua terceira ou quarta empreitada. E há casos de startups com histórico de investimento anjo e venture capital. “O volume de negócios que têm o WhatsApp no centro do modelo nos surpreendeu. Isso mostra que há um ecossistema vibrante que já está se formando”, diz Horn.
Entre as escolhidas, a imensa maioria atua nas áreas de vendas e serviços financeiros. Mas há startups de diversos segmentos, como agronegócio, educação, jurídico, marketing, setor imobiliário, segurança, entre outros. São nomes como BeConfident e Storm Education, de cursos de inglês; ClickSign, de assinaturas digitais; Lastro, de real estate; Jota, de banco online; Resolva AI, de atendimento ao consumidor; e Vai de Bus, de transporte urbano
Não há aporte financeiro do WhatsApp para essas empresas que passaram a integrar o hub, que será exclusivamente virtual. O plano do WhatsApp é oferecer outro “recurso”, segundo uma pesquisa feita com os empreendedores para saber o que eles queriam de um hub.
As três principais demandas, segundo a pesquisa, foram conhecer a estratégia do produto, ter suporte em casos muito específicos e participar de testes alpha e beta. A ideia do WhatsApp é promover encontros com troca de experiências e conteúdos. O primeiro deles acontece na terça-feira, 23 de setembro, e será o pontapé inicial do hub no Brasil.
Horn está à frente, além do Brasil, também da Indonésia e Índia, três dos principais mercados do WhatsApp no mundo, com mais de 1 bilhão de usuários. É fácil entender como uma iniciativa como essa nasceu no país.
O mercado brasileiro é o terceiro maior do mundo, com aproximadamente 150 milhões de usuários, segundo dados da Statista. O aplicativo é, de longe, a plataforma mais usada pelos brasileiros, com 99% dos usuários online utilizando o app.
Soma-se a isso outra característica que tem sido potencializada no Brasil. Não só o WhatsApp é amplamente difundido, como a IA também caiu no gosto do brasileiro.
O Brasil é o 4º maior usuário do ChatGPT e o 5º maior quando se considera que a China utiliza plataformas locais, segundo relatório da gestora de venture capital Volpe Capital.
“O alto uso da ferramenta no Brasil não é impulsionado apenas pelo tamanho da população, mas também por um uso per capita comparável ao dos Estados Unidos”, informa um trecho do relatório.
A aproximação com startups no Brasil é importante também para fomentar a principal fonte de receita do WhatsApp: a sua API. Empresas e empreendedores pagam para utilizar a API da plataforma em seus sistemas de atendimento, vendas e suporte. Ao mesmo tempo, podem criar agentes conversacionais que interagem com seus clientes.
Um exemplo bastante comum no país é a integração que os bancos fizeram entre o WhatsApp e o Pix, um sinal de que a plataforma da Meta conseguiu vencer as resistências até mesmo no mercado financeiro, que teme pela segurança dos dados e é sempre conservador em adotar aplicativos de terceiros.
Agora, além das grandes empresas, o WhatsApp está mandando um “zap” para startups brasileiras.