A Blue3 Investimentos tomou uma decisão no início deste ano: dar um passo atrás antes de dar dois para frente. A assessorias de investimento com 15 escritórios e com cerca de R$ 28 bilhões sob custódia decidiu focar no seu crescimento e na diversificação das suas receitas em vez de se tornar uma corretora.
O que fez a Blue3 rever seus planos foi a instrução da Comissão de Valores Mobiliários que possibilitou a entrada de sócios capitalistas nas assessorias de investimento. Com isso, a transformação para uma corretora light já não era tão urgente por trazer uma carga tributária maior e mais burocracia, fatores que afetariam o crescimento - a meta da Blue3 é chegar a R$ 100 bilhões até o fim de 2027.
“A XP virou nossa sócia e preferimos nos manter como agente autônomo de investimentos. Vamos usar essa decisão de permanecer mais leve para poder crescer mais rápido e consolidar o mercado”, afirma Wagner Vieira, sócio-fundador e CEO da Blue3 Investimentos, ao Wealth Point, programa do NeoFeed que tem o apoio do Banco Master.
A partir dessa definição, a Blue3 acelerou o processo de expansão das suas outras verticais de negócios e criou novas. A mais recente foi a entrada na área de debt capital market (DCM), com a aquisição da assessoria especializada em mercado de capitais M Capital Investimentos. E a criação de uma estrutura de Registered Independent Advisor (RIA) nos EUA, onde já tem R$ 2 bilhões sob custódia.
“Precisávamos regularizar a nossa situação offshore para prestar o mesmo serviço de aconselhamento que damos aqui lá fora, e alcançamos tamanho para isso. O que é importante para o nosso papel proativo e educativo de mostrar a importância de dolarizar uma parte do patrimônio”, diz Vieira.
Outra vertical que vem se destacando é o family office, com a Troon Capital, além da área de câmbio, seguros, corporate e planejamento patrimonial. Com isso, houve uma diversificação de receita no negócios. Antes, 100% vinha da plataforma de investimentos da XP. Hoje, essa fatia caiu para cerca de 60%.
“Não dá para viver apenas de uma linha de receita. Precisávamos diversificar até para nos fortalecer como instituição. Em um momento difícil como esse de mercado, com os juros altos, investimentos sofrem muito e é importante ter outras frentes para sustentar o business. Além de poder atender o cliente de forma mais completa”, afirma o CEO da Blue3.
Mas foram poucos os concorrentes que pensaram nessa estratégia de diversificação. Por isso, a avaliação da Blue3 é que o mercado de assessoria passará por uma grande consolidação nos próximos anos. Quem não se diversificou está com mais dificuldade de conseguir lucro até porque quem está em outras frentes está acessando uma piscina mais profunda.
“Investimentos são apenas 1,5% da receita total do mercado financeiro, que gira em R$ 1,1 trilhão, totalizando seguros, créditos, mercado de capitais e outras coisas. Tem muito mais dinheiro na mesa e oportunidades de disputar mercado. Nós iremos atrás trazendo uma proposta mais assertiva e próxima ao cliente como fizemos com investimentos”, diz Vieira.