A Blue3 Investimentos, assessoria de investimentos sócia da XP com cerca de R$ 27 bilhões sob custódia, adquiriu a assessoria especializada em mercado de capitais M Capital Investimentos.
Realizada parte em dinheiro e parte em ações, a incorporação traz uma área de debt capital market (DCM) para dentro do grupo e amplia a diversificação de receitas e a oferta de produtos para os clientes.
A equipe da M Capital, que já possui experiência de R$ 5 bilhões em investimentos estruturados, passa a integrar uma nova área de mercado de capitais na Blue3 Investimentos, com equipe de nove especialistas liderada pelos sócios Márcio Guimarães e Mateus Machado. E traz também R$ 1 bilhão sob custódia à carteira do escritório de investimentos de relacionamento com investidores.
Além da carteira de clientes, que a Blue3 recebe de imediato, a área tem um pipeline de R$ 1 bilhão em operações de estruturação de dívida para este ano, com foco em companhias dos setores como imobiliário, de agronegócios e de energia renovável.
A expectativa é que grande parte dos produtos de mercado de capitais seja distribuída com exclusividade aos clientes da Blue3 por meio do escritório de investimentos e do multi family office Troon Capital, além de disponibilizar os papéis em outras instituições financeiras por meio de parcerias estabelecidas.
“Hoje, 90% dos produtos que oferecemos vem da XP e, com isso, ficamos dependente da demanda e, às vezes, falta produto. Ao mesmo tempo, a XP não se interessa por operações abaixo de R$ 500 milhões e nós temos grande demanda tanto do lado investidor como de pequenas empresas para essas emissões. Pelo nosso tamanho faz sentido que possamos ter nosso próprio DCM”, afirma Wagner Vieira, CEO da Blue3, em entrevista ao NeoFeed.
Pelo lado da M Capital, estar dentro da estrutura da Blue significa ganhar capilaridade e poder de distribuição. Com sede em Ribeirão Preto, cidade que fica a 315 km de distância de São Paulo, a assessoria também está na capital paulista, além de outras seis cidades paulistas, quatro mineiras, uma carioca, uma goiana e no Distrito Federal.
“A grande capilaridade da Blue, com forte presença no interior do país, nos dará uma grande fonte de originação como também de distribuição. Ao mesmo tempo, ajudamos os clientes PJs a crescer dando acesso ao mercado de capitais pois, em geral, os bancos e grandes players só olham para grandes operações”, diz Guimarães.
A M Capital estrutura desde notas comerciais a CRIs e CRAs e operações de crédito privado nos EUA, mas, em geral, de emissões menores e longe do radar dos bancos. Seu grande foco está em operações do mercado imobiliário e do agronegócio. Por isso, a última regulamentação restringindo lastros para LCI/LCAs e CRI/CRAs deve dar um impulso adicional a sua demanda, com aumento da procura por créditos menores isentos.
“Se essa nova regulamentação já estivesse em vigor no ano passado, cerca de um terço não teria sido emitido. Para nós isso foi muito positivo, porque é o nosso foco e o mercado deve buscar mais esse tipo de oferta”, afirma Machado.
A nova frente de negócios também será importante para diversificar o ecossistema da Blue 3 e suas fontes de receitas - mais de um terço já vem de áreas fora da plataforma de investimentos, como seguros, corporate, planejamento patrimonial e da operação offshore.