A gestora canadense Brookfield está desenhando uma nova estratégia em que vai reforçar sua aposta na tese de inteligência artificial, uma área em que já vem investindo pesado no Brasil e no mundo, através de diversos fundos ligados à infraestrutura, transição energética e private equity.
A tese principal é investir em infraestrutura para dar apoio à inteligência artificial, como torres de comunicação, fibra óptica, energia renovável e novas tecnologias, a exemplo do resfriamento de data centers através de líquidos e não apenas de ar.
“Atuamos na espinha dorsal da economia mundial e estamos focando em uma estratégia para infraestrutura voltada à inteligência artificial”, afirma Roberto Perroni, CEO da Brookfield no Brasil, em entrevista ao Café com Investidor, programa do NeoFeed que entrevista os principais investidores do Brasil.
Perroni diz que a gestora canadense ainda não definiu a quantidade de recursos globais que serão alocados nessa estratégia. Mas basta olhar os fundos que a Brookfield levanta para afirmar que bilhões de dólares devem ser alocados nessa estratégia ao redor do mundo.
O atual fundo flagship de real estate da Brookfield já captou mais de US$ 16 bilhões. O de infraestrutura alcançou US$ 30 bilhões. Dois fundos de transição energética também atingiram cifras bilionárias. O primeiro BGTF (Brookfield Global Transition Fund), que é o maior fundo global já levantado com esse foco, em 2022, chegou a US$ 15 bilhões. O segundo, que deve ter o closing até o final deste ano, deve captar cerca de US$ 17 bilhões.
A estratégia é sempre fazer uma captação global e depois alocar o capital ao redor do mundo, onde existem oportunidades para as teses. No mundo, a Brookfield tem mais de US$ 1 trilhão de ativos sob gestão. No Brasil, conta com R$ 200 bilhões – dez anos atrás, era “apenas” R$ 34 bilhões.
A principal área no Brasil é a de infraestrutura, em que a Brookfield conta com R$ 93 bilhões de ativos sob gestão. Depois vem a vertical de private equity, com R$ 50 bilhões. Energia renovável e transição têm R$ 29 bilhões. E real estate, R$ 28 bilhões.
A Brookfield é dona, no Brasil, da Ascenty, que tem mais de 36 data centers, sendo que 20 deles estão em operação, com mais de 6 mil quilômetros de fibra óptica. Além disso, a gestora canadense conta também com várias apostas na área de energia, como a Elera Renováveis, uma das maiores empresas de geração de energia renovável do Brasil.
Ao mesmo tempo que desenha sua estratégia de inteligência artificial, a Brookfield está otimista com a sua tese de real estate, apesar de ter deixado os investimentos em shopping centers – a gestora vendeu, recentemente, o Pátio Higienópolis e Pátio Paulista ao Iguatemi.
A principal aposta, nessa área, é em multifamily, que são residenciais para aluguéis em parceria com MRV e Tabas. A Brookfield conta com 3 mil imóveis nessa modalidade. Outros 3 mil estão em desenvolvimento e devem ficar prontos em até 2,5 anos.
“Mas isso pode até dobrar nos próximos anos, porque temos, em nosso pipeline, várias outras oportunidades”, afirma Perroni. “Estamos bastante animados. Temos alugado prédios inteiros em três, quatro meses.”
Nesta entrevista, que você assiste no vídeo acima, Perroni fala ainda sobre o interesse em começar a investir em hotéis e conta o segredo da Brookfield para investir no Brasil, país onde está há 125 anos.