Enquanto os fundos multimercados e de ações sofrem grandes resgates, os fundos de crédito não param de captar. E a sofisticação dos gestores em estratégias ativas, com crédito estruturado e novas modalidades de gestão, dará ainda mais robustez a esse mercado, que hoje domina a indústria de fundos de investimento.
Apesar de a Anbima não fazer a diferenciação entre fundos de crédito e os demais de renda fixa, a SulAmérica Investimentos e a Itaú Asset estimam que essa classe já tenha R$ 1,6 trilhão sob gestão. Em 2024, a captação foi de mais de R$ 300 bilhões.
“O ano de 2024 foi o ano do crédito no Itaú, captando R$ 130 bilhões e, neste ano, a captação já está maior que R$ 20 bilhões. Estamos em um cenário de juros altos, o que ajuda, mas é uma classe que não tem correlação com outras classes de ativos e ganhou espaço de forma estrutural nas carteiras”, afirma Fayga Czerniakowski Delbem, sócia e superintendente de crédito core da Itaú Asset, ao Wealth Point, do NeoFeed.
Parte da maturidade do mercado está no investidor entender que existe uma relação risco-retorno e se sentir confortável com ela. Se antes os fundos de crédito privado eram apenas um “caixa mais turbinado”, em que se esperava alta liquidez e um rendimento um pouco acima do CDI, agora há também os fundos mais sofisticados, que têm mais carência e entregam retornos bem elevados.
“Estamos construindo uma grade de fundos mais sofisticados na indústria, para ir além dos 105% do CDI, entregando retornos de 1% a 3% acima do CDI. E há estratégias de FIDCs e special situations em que o céu é o limite de retorno, desde que você entenda os riscos envolvidos”, diz Daniela Gamboa, head de crédito privado e imobiliário na SulAmérica Investimentos.
Mas os retornos atrativos com a Selic em 14,75% ao ano têm um preço: o aumento do risco. Com a maior parte das dívidas atreladas à taxa básica de juros, as empresas têm mais dificuldade para arcar com o custo da dívida. Dessa forma, a palavra de ordem na gestão tem sido seletividade, analisando de perto os fundamentos da empresa e sua capacidade de geração de caixa.
Tanto a SulAmérica quanto a Itaú Asset não cortam setores da análise, mas observam empresa por empresa. Esse é um tipo de análise mais profunda, que não é feita por todo o mercado—em geral, a busca é por nomes "mais fáceis".
O resultado são empresas com excelente grau de investimento vindo ao mercado com baixíssimo prêmio de crédito, enquanto outros nomes só conseguem captar quando pagam bem mais. Lembrando que é a assimetria que gera oportunidade de melhores retornos.
“Tem muitas empresas negociando caro, com spread muito baixo. Aí não vale a pena investir. Mas há outras que estão sendo esquecidas. Isso é uma grande oportunidade para a gestão ativa. Com a dispersão do spread, a gestão ativa permite que você se posicione em diferentes nomes de diferentes companhias e escolha quando é o momento de comprar ou vender cada uma delas, gerando alfa”, diz Delbem.
E, apesar do aumento do número de recuperações judiciais no mercado, as gestoras não veem um cenário deteriorado. A alta da taxa de juros foi um movimento amplamente esperado pelo mercado, e as empresas conseguiram se antecipar para emitir e se preparar como negócio.
“O aumento de RJs está muito focado no setor agro, que não é muito relevante para a indústria de crédito privado. E também na pequena e média empresa, que estão fora do mercado de capitais. Então, o risco real do mercado emissor hoje é baixo, e as empresas devem passar por esse cenário mais desafiador sem grandes problemas”, diz Gamboa.
Mas o impacto é imediato. Há menos emissão no mercado. Até agora, as emissões de debêntures foram 30% menores do que no mesmo período do ano passado. E, com a grande avalanche de fluxo de investimento, os gestores têm buscado alternativas, como o crédito estruturado, os FIDCs, operações exclusivas com empresas e até a compra de mais papéis no mercado secundário.
Enquanto os fundos multimercados e de ações sofrem grandes resgates, os fundos de crédito não param de captar. E a sofisticação dos gestores em estratégia ativas, com crédito estruturado e novas modalidades de gestão, dará ainda mais robustez a esse mercado que hoje domina a indústria de fundos de investimento.
Apesar da Anbima não fazer a diferenciação entre fundos de crédito dos demais de renda fixa, a SulAmérica Investimentos e a Itaú Asset estimam que essa classe já tenha R$ 1,6 trilhão sob gestão. Em 2024, a captação foi de mais de R$ 300 bilhões.
“O ano de 2024 foi o ano do crédito no Itaú, captando R$ 130 bilhões e, neste ano, a captação já está maior que R$ 20 bilhões. Estamos em um cenário de juros altos que ajuda, mas é uma classe que não tem correlação com outras classes de ativos e ganhou espaço de forma estrutural nas carteiras”, afirma Fayga Czerniakowski Delbem, sócia e superintendente de crédito core da Itaú Asset, ao Wealth Point, do NeoFeed.
Parte da maturidade do mercado está no investidor entender que existe uma relação risco retorno e se está confortável com ela. Se antes os fundos de crédito privado eram apenas um “caixa mais turbinado”, em que se esperava alta liquidez e um rendimento um pouco acima do CDI, agora há também os fundos mais sofisticados, que têm mais carência e entregam retornos bem elevados.
“Estamos construindo uma grade de fundos mais sofisticados na indústria, para ir além do 105% do CDI, entregando retornos de 1% a 3% acima do CDI. E há estratégias de FIDCs e special situations em que o céu é o limite de retorno, desde que você entenda os riscos envolvidos”, diz Daniela Gamboa, head de crédito privado e imobiliário na SulAmérica Investimentos.
Mas os retornos atrativos com a Selic em 14,75% ao ano têm um preço: o aumento do risco. Com a maior parte das dívidas atreladas à taxa básica de juros, as empresas têm mais dificuldade de arcar com o custo da dívida. Dessa forma, a palavra de ordem na gestão tem sido seletividade, analisando de perto os fundamentos da empresa e a sua capacidade de geração de caixa.
Tanto a SulAmérica como a Itaú Asset não cortam setores da análise, mas olham empresa por empresa. Esse é um tipo de análise mais profunda, que não é feita por todo mercado - em geral, a busca é por nomes "mais fáceis".
O resultado são empresas com excelente grau de investimento vindo a mercado com baixíssimo prêmio de crédito, enquanto outros nomes só estão conseguindo quando pagam bem mais. Lembrando que é a assimetria que gera oportunidade de melhores retornos.
“Tem muitas empresas negociando caro, com spread muito baixo. Aí não vale a pena investir. Mas há outras que estão sendo esquecidas. Isso é uma grande oportunidade para a gestão ativa. Com a dispersão do spread, a gestão ativa permite você se posicionar em diferentes nomes em diferentes companhias aqui e escolher quando é o momento de comprar ou de vender cada uma delas, gerando alfa”, diz Delbem.
E, apesar do aumento do número de recuperações judiciais no mercado, as gestoras não veem um cenário deteriorado. A alta da taxa de juros foi um movimento amplamente esperado pelo mercado, em que as empresas conseguiram se antecipar para emitir e para se prepararem como negócio.
“O aumento de RJs está muito focado no setor agro, que não é muito relevante para a indústria de crédito privado. E também na pequena e média empresa, que também estão fora do mercado de capitais. Então, o risco mesmo do mercado emissor hoje é baixo e as empresas devem passar por esse cenário mais desafiador sem grandes problemas”, diz Gamboa.
Mas o impacto é imediato. Há menos emissão no mercado. Até agora, as emissões de debêntures ficaram 30% menores que no mesmo período do ano passado. E com a grande avalanche de fluxo de investimento, os gestores têm buscado alternativas, com o crédito estruturado, como os FIDCs, operações exclusivas com empresas e mesmo a compra de mais papéis no mercado secundário.