A universalização do saneamento básico é o grande objetivo da “nova” Sabesp, a companhia que passou por um processo de desestatização no ano passado com a Equatorial se tornando acionista de referência. Mas esse processo exige músculo financeiro.
A Sabesp se comprometeu a investir R$ 70 bilhões nos próximos cinco anos. Neste ano, a companhia já captou R$ 15 bilhões, sendo que foram investidos R$ 6,45 bilhões no primeiro semestre, uma expansão de 137,5% sobre o mesmo período do ano passado.
"Não é porque a companhia foi privatizada que entregaram R$ 70 bilhões no caixa", diz Daniel Szlak, CFO da Sabesp, em entrevista ao programa Números Falam, do NeoFeed. "Precisamos captar dinheiro e fazer um trabalho importante com os bancos. Essa é a minha prioridade."
A estimativa é que a Sabesp precise captar entre R$ 40 bilhões e R$ 50 bilhões ao longo dos cinco anos, considerando a capacidade de geração de caixa próprio que os investimentos proporcionarão.
A estratégia, até aqui, tem funcionado: a companhia vem conseguindo acessar múltiplas fontes de captação, como o Banco Mundial. E, após 20 anos, voltou a fazer uma emissão em dólares.
A Sabesp captou US$ 500 milhões em blue bond (semelhante a um green bond, mas voltado à água) em julho deste ano, nos Estados Unidos. O título voltado a projetos sustentáveis saiu com juros de 5,6% para um vencimento em agosto de 2030.
Hoje, a Sabesp atende 28 milhões de pessoas na sua área de concessão, um número que deve crescer à medida que a meta de universalização for avançando.
Com 98% de cobertura de água, o foco agora está no esgoto, onde a Sabesp parte de 92% de cobertura e 85% de tratamento. São cerca de 3 milhões de pessoas dentro da área de concessão.
No segundo trimestre deste ano, foram realizadas 161 mil novas ligações que se concentraram na região metropolitana de São Paulo, principalmente nas comunidades informais, e na Baixada Santista.
“É difícil para nós que tivemos isso a vida toda, mas as pessoas dizem: agora estou sendo enxergado, tenho uma conta de água e um CEP", afirma o CFO.
Eficiência da privatização
Desde que a Equatorial pagou R$ 6,9 bilhões ao governo do Estado de São Paulo por 15% das ações da Sabesp, a companhia de saneamento vem conseguindo destravar as chamadas “alavancas de eficiência”.
O Ebitda de R$ 7,3 bilhões no primeiro semestre de 2025, um crescimento de 34,5% sobre o mesmo período do ano passado, é uma maneira de enxergar esse processo. Mas Szlak destaca algumas das iniciativas que a gestão privada permitiu acelerar, como a gestão de passivos judiciais.
“Começamos a terceirizar a gestão da nossa carteira de passivos judiciais. Com isso, conseguimos fazer acordos e trabalhar todo esse passivo de uma forma melhor", afirma o CFO.
Houve, também, uma padronização operacional. A Sabesp era um agrupado de várias empresas. O que estava disperso entre várias unidades autônomas da companhia passou por um processo de consolidação e unificação, tanto de estrutura como de responsabilidades.
“Hoje, temos uma pessoa responsável por água na companhia inteira. Essas pessoas começam a trabalhar com as melhores práticas", afirma Szlak.
Na B3, a ação da Sabesp acumula valorização superior a 31% em 12 meses e acima de 40% em 2025. O valor de mercado da empresa é de R$ 85,2 bilhões.