A BR Partners concluiu mais de R$ 130 bilhões em deals de fusões e aquisições desde a sua criação em 2009. Mas, apesar desse montante, o banco de investimentos deixou (muito) dinheiro na mesa até o ano passado.

A área de gestão de fortunas inexistia no banco criado por Ricardo Lacerda. Em setembro de 2023, José Flávio, sócio e CEO do BR Partners Banco de Investimentos, começou a montar um time sênior para entrar no negócio de cuidar do dinheiro das famílias de alto poder aquisitivo.

O wealth management da BR Partners, que encerrou 2023 com R$ 2,3 bilhões sob gestão, chegou a 14 pessoas na equipe em janeiro deste ano. “Já trouxemos uma boa quantidade de recursos e estamos chegando quase aos R$ 3 bilhões”, diz Flavio, em entrevista ao programa Números Falam, do NeoFeed.

Criar uma área de gestão de fortunas é considerado um movimento de sinergia com o trabalho desenvolvido pelo banco, que está dentro das empresas em operações de M&A, de mercado de capitais ou na reestruturação de dívidas.

“A assessoria sempre foi uma das nossas vantagens competitivas, tanto que não chamamos de wealth under management e sim de wealth under advisory. Estamos ali para colocar as opções para o cliente maximizar a sua fortuna”, afirma Vinícius Carmona, diretor de relações com investidores da BR Partner.

O crescimento da gestão de fortunas dentro dos negócios do banco deve manter as receitas com clientes em níveis elevados. Em 2023, 80% das receitas totais da BR Partners vieram dos serviços. No quarto trimestre, com o reaquecimento do mercado de M&A e de investment banking, os clientes geraram R$ 99,5 milhões para o banco ante R$ 24,8 milhões da remuneração de capital.

“Enquanto nos grandes bancos, essa receita de clientes fica entre 30% e 40%, a nossa chegou a 80%. E mesmo depois do IPO, temos conseguido manter acima de 70%, o que parece bem adequado”, diz Carmona.

Uma das transações que mais contribuiu para esse resultado foi a compra da Amil, que pertencia à UnitedHealth Group, pelo empresário José Seripieri Júnior. A BR Partners foi o banco coordenador nessa negociação.

“Teve deal de M&A que gastamos sete anos para fechar. Nesse trabalhamos muito, com horas e mais horas de negociação, que envolveu metade do banco. Mas para um deal de R$ 11 bilhões foi em tempo recorde”, afirma o CEO do BR Partners Banco de Investimentos.

Com valor de mercado de R$ 1,6 bilhão, a unit da BR Partners acumula alta de 52% em 12 meses, até 28 de fevereiro. Em 2024, o ganho é de 1,9%. O patrimônio líquido total do banco é de R$ 821 milhões.