Quando chegou ao Brasil, em 2014, o empresário Federico Vega ligou para uma série de investidores tentando marcar reuniões para apresentar seu novo negócio – uma empresa que, anos depois, viria a se tornar a Frete.com e que captaria mais de R$ 2 bilhões em aportes para um valuation superior a R$ 5 bilhões.

“Eu ligava para mais de 300 investidores a cada mês até o ponto que eles não me atendiam. Meus e-mails iam diretamente para a caixa de spam”, diz Federico Vega, fundador e CEO da Frete.com, em entrevista ao Vida de Startup, programa do NeoFeed.

Convencer os investidores era difícil. Quando os e-mails e ligações eram respondidos, outro obstáculo aparecia na frente do empreendedor argentino: sua nacionalidade e idioma. “Era ano de Copa do Mundo, no Brasil... Eu precisava falar que era uruguaio”, diz Vega.

A justificativa dos investidores era a de que, por ser argentino, Vega não passava confiança de que conhecia o mercado brasileiro. A falta de experiência no setor de logística também era um complicador. “Minha experiência era andar de bicicleta e conversar com caminhoneiros em postos de combustível”, conta ele.

Antes de fundar a startup, Vega costumava fazer viagens de bicicleta no Brasil e na Argentina. Para descansar e tomar um café, parava em postos de combustível. Lá, conversava muitas vezes com caminhoneiros que contavam suas rotinas e detalhavam seus problemas. Foi tentando resolver essas dores que surgiu a startup de Vega.

Neste episódio do Vida de Startup, Vega relembra os desafios para conseguir captar o primeiro investimento para a startup. “O maior problema é que os caminhões ficavam ociosos a maior parte do tempo após as entregas”, diz.

Um dos desafios para conseguir a captação foi convencer um ex-chefe a investir na operação. “Meu advogado iria ser meu primeiro investidor, mas ele só investiria se meu ex-chefe investisse. Eu tinha acabado de me demitir. Tive de ir na cara de pau pedir dinheiro para ele”, lembra.

Além de dividir os perrengues do começo da jornada, Vega também detalhou os planos da empresa. Uma meta é intensificar o uso de inteligência artificial com o objetivo de trazer mais segurança aos caminhoneiros e para as empresas.

"As maiores dores de quem dirige o caminhão acontecem quando o dono da carga não paga e quando a carga é roubada”, diz Vega, que afirma que, neste ano, a companhia quer consolidar o plano de investir até R$ 250 milhões em um sistema antifraude que identifica os criminosos antes deles agirem.