O emoji do foguetinho é o mais usado nas conversas da Faria Lima via aplicativo de mensagem. Ele representa a velocidade que o mercado financeiro busca dar ao crescimento dos negócios. Na contramão dessa imagem, a Track Capital foi lançada no noite de quinta-feira, 25 de abril, em evento fechado para cerca de 80 pessoas, entre clientes e executivos do BTG Pactual.
“Pensamos em uma rota estável, segura e previsível, com ponto de partida e de chegada. O cliente quer ter um trilho para o seu dinheiro”, diz Nilson Victorino, sócio-fundador da butique de investimentos, em entrevista ao NeoFeed.
No fim do ano passado, Victorino se desligou da B.Side e deixou a sociedade que tinha com Rafael Christiansen e Antonio Costa. O desmembramento ocorreu de forma tranquila após os sócios perceberem, em reunião estratégica, que aquilo que buscavam era diferente.
A transição foi tranquila. Victorino ficou com o nono andar do número 160 da avenida Horácio Lafer, enquanto a B.Side andou cerca de 350 metros para o número 960 da rua Joaquim Floriano, ambas no Itaim, bairro da Zona Oeste de São Paulo.
Em 1º de março, o sócio-fundador da Track Capital constituiu a holding, que começa com R$ 1,5 bilhão sob gestão e quer encerrar o ano com mais de R$ 2 bilhões na casa.
Para isso, trouxe para a sociedade Luiz Nazareth, fundador da assessoria de investimentos OX2, plugada no BTG, que vai cuidar de toda a gestão de investimentos.
Antes de empreender com a sua assessoria, Nazaret foi, durante mais de 20 anos de carreira, gerente de investimentos e portfólio manager da Mapfre e da Azimut, respectivamente. “Até recentemente, quem tinha produto tinha tudo no mercado. Agora, quem tem o cliente é quem tem o ativo”, diz ele.
O time de sócios-fundadores se completa com Tiago de Biasi e Diego de Paris, dois profissionais que também estavam na Azimut e trazem uma carteira de cerca de 1.000 cliente do Sul do Brasil, com destaque para Bento Gonçalves e Caxias do Sul (onde haverá uma filial), além de Novo Hamburgo, Passo Fundo e Porto Alegre.
A proposta da Track Capital é ser uma plataforma consolidadora com serviços de gestão de patrimônio, planejamento sucessório e tributário, além de soluções financeiras, seguros e consultoria estratégica. Outros serviços, como mostrou recentemente o NeoFeed, podem continuar com mais de um quarto das receitas das assessorias de investimento.
“Vejo o Brasil como eram os Estados Unidos nos anos 1950 e 1960, com os clientes saindo do ambiente de agências bancárias. Ter um ecossistema completo, com gestão de investimentos e dívida, por exemplo, vai nos dar um diferencial tanto na pessoa física como na jurídica”, afirma Victorino.
A Track vai ter tanto fundos líquidos como ilíquidos na sua plataforma. Esse segundo grupo usará toda expertise e inteligência da equipe do BTG, liderado pelo sócio Pedro Luzardo, que tem se diferenciado tanto em fundos alternativos como os de special situations.
Com 36 pessoas na equipe, sendo 16 contratadas em abril, a Track quer ser uma das consolidadoras desse mercado. Em um momento em que as gestoras fazem contas para saber se vale a pena ficar de portas abertas, a boutique está em fase final de due diligence para anunciar sua primeira aquisição em 60 dias. E deixou outro negócio engatilhado.
No mercado de assessorias de investimento, Victorino e seus sócios vão seguir o mesmo trilho. Eles assinaram um memorando de entendimento (MoU) com três agentes autônomos para embarcar mais gente e mais capital nesse projeto.