Quando Carlos Fonseca, fundador e CEO da Galapagos Capital, gestora com mais de R$ 25 bilhões sob gestão, viu a notícia que os jogadores de futebol Gustavo Scarpa e Mayke haviam caído em um golpe de criptomoedas por intermédio do também atleta William Bigode, ele teve um insight.
Os jogadores, incluindo William Bigode, haviam perdido cerca de R$ 30 milhões. “Isso chamou a nossa atenção para montar um novo negócio”, diz Fonseca com exclusividade ao NeoFeed. Um negócio de gestão de recursos de atletas e artistas. Faltava, entretanto, um parceiro que conhecesse profundamente esse público.
Não falta mais. A Galapagos Capital acaba de se unir a R9 Gestão Patrimonial e Financeira, de Ronaldo Fenômeno, Gabriel Jesus e da CEO Viviane Leal, para criar uma nova gestora com o sugestivo nome de Galaticos Capital, numa clara referência aos “galácticos” do Real Madrid, formados por Ronaldo, Roberto Carlos, Zinedine Zidane e David Beckham nos anos 2000.
A gestora, um multi family office independente, já nasce com pouco mais de R$ 1 bilhão sob gestão e a meta de chegar a US$ 5 bilhões dentro de cinco anos. A Galapagos tem uma participação minoritária relevante com a possibilidade de aumentar sua fatia no negócio ao longo do tempo. O modelo de remuneração é o tradicional dos MFOs, o fee-based advisory.
“Tivemos mais afinidade. Vimos que a Galapagos era o melhor lugar para crescer”, diz Viviane Leal, CEO e sócia da R9 Gestão e que assume como CEO da Galaticos, ao NeoFeed. Ela diz que a empresa também estava em busca de uma casa para se associar. Quem fez a ponte foi Amílcar Junior, sócio da Galapagos no braço de energia e muito amigo de Ronaldo.
Pelo acordado, a Galaticos Capital poderá usar toda a infraestrutura da Galapagos, com escritórios espalhados pelo país e outros dois no exterior, nas cidades de Miami e Genebra. A ideia é fazer com que a gestora seja global, atendendo atletas e artistas em vários países do mundo.
Para isso, vai contar, é claro, com a ampla rede de relacionamentos de Ronaldo e Gabriel Jesus. Por enquanto, além do dinheiro dos dois, a gestora cuida do patrimônio do goleiro Cássio e do volante Paulinho, do Corinthians, de Roger Guedes e outros atletas. No total são 16, mas Fonseca acredita que deverá triplicar esse número em dois meses.
“Nos próximos 60 dias, deveremos chegar a R$ 2 bilhões sob gestão”, diz ele. Trata-se de um público com muita liquidez. Mas que têm demandas diferentes de outros clientes. Além de tocar suas carreiras, Fonseca diz que tanto atletas como artistas, necessitam de três pilares: o financeiro, o concierge para arrumar as coisas do dia a dia e, por último, a gestão patrimonial.
“A R9 Gestão tem um time de concierge que está muito próximo dos atletas, muito próximo das famílias. Ela faz um trabalho espetacular, meio que terceiriza a gestão do pessoal da vida dos clientes”, diz Fonseca.
Tanto Fonseca, Amílcar e Viviane fazem questão de frisar que não atuarão na parte empresarial de atletas e artistas. Não serão empresários e muito menos negociarão seus contratos. “Na verdade, queremos eles como parceiros”, diz Amílcar. O intuito é fazer com que os empresários indiquem a Galaticos para seus agenciados.
Não faltam exemplos de jogadores de futebol que ganharam fortunas e depois se viram quebrados. Gastam muito quando estão na ativa em uma carreira que tem período curto e não se preparam para aposentadoria. “Muitos jogadores na ativa gastam mais do que ganham. Tem jogador que ganha R$ 700 mil por mês e gasta R$ 800 mil”, diz Viviane.
Como Ronaldo sempre teve uma visão de que era preciso cuidar do patrimônio, ele decidiu fazer disso um negócio por sugestão de Viviane. O primeiro cliente foi Gabriel Jesus logo que saiu do Palmeiras e foi para o Manchester City, em 2016. Jesus acabou gostando do negócio e virou sócio. E, para Ronaldo, havia uma vantagem. Jesus tem contato com uma geração que Ronaldo não tem.
Muitos atletas precisam de um suporte profissional que “os parças” não conseguem oferecer. Isso vai desde regularizar documentação, verificar a questão fiscal, encontrar residência no exterior, ajudar a organizar as contas pessoais, dar suporte à família com questões burocráticas, entre outros serviços.
“Já na Galapagos tem o outro lado, que é a parte financeira e de gestão patrimonial. Então, a gente focou essa combinação galática e explosiva”, diz Fonseca. Nesses 45 minutos do primeiro tempo, é um gol de placa. Se a união resultará em uma goleada, só o tempo dirá.