A Brainvest Wealth Management foi fundada em Genebra, em 2003, mas fala português fluente. A gestora global de grandes fortunas foi fundada por Dany Roizman e outros ex-sócios da Hedging Griffo que decidiram se dedicar a atender apenas seus clientes. Com mais de US$ 5 bilhões em ativos gerenciados na Suíça, nos Estados Unidos e no Brasil, a empresa deu mais um passo importante no Brasil.

A companhia adquiriu uma participação minoritária na boutique carioca Milenium Capital, que detém R$ 1,5 bilhão sob consultoria e volume total superior a R$ 3 bilhões em patrimônio sob orientação - os detalhes da transação não foram revelados.

A operação representa um investimento estratégico por parte da Brainvest, com o objetivo de fomentar oportunidades de sinergia entre as duas casas, abrindo caminho para o desenvolvimento conjunto de novos negócios. Ao mesmo tempo em que preserva a independência da Milenium Capital, que continuará operando de forma independente.

“Vemos cada vez mais as famílias buscando comprar tempo e não apenas produtos financeiros. A Milenium traz grande expertise em governança corporativa para nós, importante para atender famílias empresárias, uma complementaridade para nós”, diz Fernando Gelman, CEO global da Brainvest, ao NeoFeed.

Fundada por Fabio Frajblat Gorodicht, ex-Bank Boston e Itaú BBA, e Marcelo Luis Milech, profissionais com mais de três décadas de experiência no mercado financeiro, a Milenium Capital tem equipe de 11 profissionais e oferece serviços de consultoria de valores mobiliários e planejamento financeiro para famílias e empreendedores desde 2018.

A Milenium atende a cerca de 150 grupos familiares, com clientes no Brasil e no exterior e mira um público com pelo menos R$ 5 milhões em patrimônio. Para ela, a sociedade ajuda a atender um público mais sofisticado que busca uma gestão de investimentos, já que eles não são gestora, e mais robustez na análise internacional. A aproximação aconteceu entre amigos em comum.

“Não estávamos procurando um sócio, mas quando nos conhecemos vimos que a proposta deles fazia sentido, e ambas as casas teriam benefícios”, afirma Marcelo Luis Milech, sócio-fundador da Milenium Capital.

Jan Gunnar Karsten, sócio e CEO Brasil da Brainvest, não nega que o ‘namoro’ com a sociedade minoritária pode terminar em casamento. “Sem dúvidas esse compromisso hoje mais sério com uma participação minoritária pode virar casamento e dar em uma futura união lá na frente. A ideia é ver como as sinergias são exploradas e como cada lado está adicionando valor para o negócio”, afirma.

Um mercado em transformação

O movimento entre Brainvest e Milenium ocorre em um momento de consolidação no mercado de wealth management brasileiro, com grandes bancos comprando participação ou o controle de players independentes. A aquisição do BTG Pactual da JGP Wealth e do Julius Baer são exemplos. Por isso, boutiques buscam alianças estratégicas para expandir capacidades sem perder a autonomia.

“Esse processo de consolidação não tem volta. O que vemos nos Estados Unidos, com gestores independentes que chegam a trilhões de dólares sob gestão, deve acontecer no Brasil, ainda que em outra escala”, afirma Karsten.

Na Brainvest, essa foi a quarta aquisição desde a entrada da americana Merchant Investment Management, que tem mais de 100 parcerias com empresas de gestão de patrimônio no mundo e aproximadamente US$ 230 bilhões em ativos no seu ecossistema. Em 2021, a americana adquiriu 20% da gestora de fortunas.

Desde então, a Brainvest tem buscado uniões estratégicas. Em 2023 fez uma fusão com a KPC Consultoria e com a ENSO, gestora do interior de São Paulo com expertise em cuidar de famílias do agrobusinees. E, no ano passado, comprou uma participação minoritária na Köli Capital, uma gestora de recursos com ativos sob gestão de R$ 500 milhões, sediada em Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro, que oferece soluções de investimento para famílias e empreendedores de alta renda.

Segundo Gelman, a Brainvest busca parcerias que tragam capital intelectual, capacidades complementares, presença regional ou tecnologia, e não apenas crescimento por aquisição.

“Fizemos poucos e bons negócios, sempre para agregar valor real ao cliente. Não é uma meta, mas vemos oportunidades de atrair bons profissionais para o nosso ecossistema e se a cultura encaixa, dá certo”, afirma o CEO global da Brainvest.

Com essa transação, a Brainvest mostra o seu apetite por continuar crescendo no Brasil, onde tem um terço do seu patrimônio sob gestão. Mas a empresa também tem reforçado suas outras duas operações.

Na Suíça, a empresa reforçou seu time com bankers para atender clientes brasileiros e mexicanos, ampliando a base de clientes latinos na região. Nos Estados Unidos, contratou um executivo americano para liderar a expansão no mercado local, onde já atende clientes brasileiros e latino-americanos.

“Continuamos olhando esses três mercados com grande potencial de crescimento na nossa expertise de atender clientes latinos internacionalizados. Vemos que as famílias latinas tem cada vez mais membros vivendo em diferentes fusos e países, e precisamos atender essas famílias em cada geografia com mentalidade local”, diz Gelman.