Apesar dos esforços do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) de domar a inflação, os americanos têm sofrido com a perda do poder de aquisitivo. E uma área em que os preços estão pesando significativamente no bolso da população é a de entretenimento.
Dos preços dos ingressos para shows, passando por eventos esportivos, chegando aos parques de diversões, tudo subiu muito rapidamente ao longo do ano nos Estados Unidos, um fenômeno que os economistas apelidaram de funflation e que está levando muitas pessoas a adiar os planos de verem seus artistas favoritos.
Uma pesquisa feita pelo jornal The Wall Street Journal em parceria com a Credit Karma, startup de gestão de finanças pessoais, aponta que 60% dos entrevistados tiveram que cortar os gastos com eventos de entretenimento ao vivo por conta dos preços elevados.
Ela mostra ainda que 37% das pessoas não conseguem acompanhar o aumento dos custos dos eventos que querem comparecer, enquanto outros 26% afirmaram que não pretendem gastar com entretenimento – esse resultado representa um crescimento em relação ao período anterior à pandemia, quando 16% dos entrevistados responderam desta maneira.
A pesquisa sugere que pode haver uma reversão na disposição dos americanos de gastarem com entretenimento, tendência que ganhou força com o fim dos lockdowns para combater a proliferação da Covid-19, segundo reportagem do WSJ.
Dados de agosto do Escritório de Análises Econômicas (BEA, na sigla em inglês), ligado ao Departamento de Comércio, mostravam que os americanos pretendiam gastar cerca de US$ 95 bilhões em ingressos para cinemas, shows e eventos esportivos. O montante é 23% maior que o registrado no ano passado e 12,5% superior ao gasto em 2019.
Os gastos em parques de diversões e serviços relacionados poderiam atingir US$ 79,9 bilhões neste ano, alta de 3,4% com relação a um ano antes e 6,2% ante 2019.
A alta dos preços dos produtos de entretenimento vista neste ano segue movimento iniciado em 2022. Segundo pesquisa realizada pelo Departamento do Trabalho, os custos dos ingressos subiram mais rapidamente do que o preço dos alimentos e da gasolina em 2022.
Os shows de música têm registrado as maiores altas de preços em 2023, com organizadores apontando para a forte demanda do público, que se mostra disposto a pagar mais caro. O preço médio dos ingressos atingiu US$ 120,11 na temporada de verão nos Estados Unidos, um avanço de 7,4% em relação ao mesmo período de 2022 e de 27% na comparação com 2019, segundo levantamento da revista americana Pollstar.
Ele aponta ainda que, pela primeira vez, os cinco principais shows ocorridos num primeiro semestre nos Estados Unidos – Taylor Swift, Bruce Springsteen, Harry Styles, Elton John e Ed Sheeran – conseguiram levantar US$ 100 milhões cada. Nas últimas duas décadas, segundo a Pollstar, não mais do que dois artistas ou bandas conseguiam alcançar essa cifra milionária.
No mundo dos esportes, o futebol também viu uma inflação nos ingressos, ainda que não seja a modalidade mais popular nos Estados Unidos. O preço para assistir a uma partida do Inter Miami, no mercado secundário, que conta com Lionel Messi no time, passou de US$ 30 para US$ 255.
Na semana passada, a Disney anunciou um reajuste dos preços das entradas de seus parques de diversão, no momento em que enfrenta dificuldades com seu serviço de streaming e de televisão.
O ingresso para os dias mais demandados da unidade da Califórnia subiu em mais de 8%, para US$ 194. O pacote para cinco dias ficou 16% mais caro, passando para US$ 480.