Depois de enfrentar dura turbulência nos últimos anos, a CVC Corp começa a ver céu de brigadeiro, com a retomada do mercado de turismo e as medidas previstas no plano de reestruturação sendo tocado desde a volta de Guilherme Paulus como acionista de referência.
Foram estes fatores que fizeram com que o Itaú BBA iniciasse a cobertura das ações da operadora e agência de viagens com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 5,10, valor que indica um potencial de alta de 52,2% em relação ao nível atual em que os papéis operam.
“Num cenário econômico exigente e incerto para a maioria das companhias do nosso universo de cobertura de varejo, vemos céu azul pela frente para a CVC, bem como para o setor de turismo, que tem se aproximado dos níveis pré-pandemia a cada trimestre”, diz trecho do relatório assinado pelos analistas Victor Rogatis, Thiago Macruz, Maria Clara Infantozzi, Clara Lustosa e Kelvin Dechen.
Após reperfilar seu endividamento e levantar recursos para reforçar sua estrutura de capital, com destaque para o follow on de R$ 550 milhões ocorrido em junho do ano passado, a CVC começou a colocar em prática mais uma reestruturação em seus 50 anos de história. Desta vez, o plano envolve voltar às atividades que conhece bem e que a fizeram se tornar a maior operadora de turismo do País, com market share de 15%.
Com a escolha de Fábio Godinho como CEO, em junho de 2023, a CVC está voltando a ser um “negócio simples”, com ênfase na abertura de lojas físicas, oferta de pacotes exclusivos e parcerias com fornecedores. Isso vem combinado com mudanças na estrutura, com o objetivo de reduzir despesas operacionais.
Para o Itaú BBA, a nova estratégia é um aspecto positivo para a tese de investimento da CVC, considerando que produtos como pacotes e voos fretados apresentam índices de take rate elevados e uma dinâmica melhor de capital de giro. Eles também são mais adequados para o público-alvo da companhia, de renda menor e menos experientes quando o assunto é viagem.
“Acreditamos que o cliente médio da CVC atribui um valor desproporcional a determinados atributos – preço, assistência, segurança, conveniência e simplicidade – que tornam os pacotes de viagem mais atrativos a este consumidor do que o modelo ‘faça você mesmo’, geralmente preferido por consumidores com mais experiência em viagens”, diz trecho do relatório.
Tendo este público em vista, a CVC tem investido para garantir que os pacotes caibam no bolso dos consumidores, com uso intenso de parcelamento e a possibilidade de utilizar recursos obtidos com a antecipação do saque do FGTS. Os analistas citam ainda a oferta de financiamento em parceria com o Banco do Brasil, dentro do programa do governo federal para incentivar o turismo doméstico.
A abertura de novas lojas via programa de franquias também é um aspecto importante da atual tese de investimento da CVC, considerando que quase 47% das reservas de turismo no País são feitas em lojas físicas. Para os analistas do Itaú BBA, além de responder às necessidades de seu público, ela permite à companhia avançar para cidades menores, sem comprometer grandes volumes de capital.
Estes ajustes, combinados com a retomada do turismo no País, devem fazer com que o segmento B2C da CVC no Brasil ganhe espaço ao longo do tempo. O Itaú BBA projeta que a divisão responda por 36% do total das reservas da CVC em 2024 e que o percentual cresça para 37% em 2025 e 38% em 2026.
“Esperamos que o negócio B2C no Brasil lidere o crescimento (do total de reservas), com base na nossa expectativa da abertura líquida de 240 novas lojas e ganhos de mercado em 2024”, diz trecho do relatório.
O relatório do Itaú BBA aponta ainda que as ações da CVC estão sendo negociadas a um P/E ajustado de 15 vezes, junto com uma taxa de crescimento anual composto (CAGR, na sigla em inglês) para o lucro por ação entre 2025 e 2029 de 29%. Isto resulta num índice PEG, a relação do preço de uma ação com seu lucro e expectativa de crescimento, de 0,5 vez, considerado atrativo pelos analistas.
Por volta das 12h21, as ações da CVC recuavam 2,98%, a R$ 3,25. No ano, elas acumulam queda de 7,1%, levando o valor de mercado a R$ 1,4 bilhão.