O maior fundo soberano do planeta ficou um pouco mais rico. Nesta terça-feira, 30 de janeiro, o Government Pension Fund Global, da Noruega, que tem mais de US$ 1,5 trilhão em ativos sob gestão, registrou lucro recorde de US$ 213 bilhões, referente ao ano passado. A taxa de retorno registrada em coroas norueguesas foi de 16,1% ao ano.
“Apesar da inflação elevada e da turbulência geopolítica, o mercado acionário em 2023 foi muito forte, em comparação com um ano fraco em 2022”, disse Nicolai Tangen, executivo-chefe do Norges Bank Investment Management, que administra o fundo, em comunicado.
O resultado recordo aconteceu em meio a apostas em ações de empresas de tecnologia (os nomes das companhias não foram divulgados), que tiveram um desempenho considerado “muito bom” no período. Os investimentos em equity, que somam 71% do portfólio, tiveram 21,3% de retorno em 2023.
A carteira de renda fixa, por sua vez, foi responsável por 27,1% da alocação de capital, rendeu apenas 6,1% no ano. Com um peso menor na carteira, de 1,9% e 0,1% respectivamente, o setor imobiliário registrou prejuízo de 12,4% e os investimentos em energia renovável tiveram lucro de 3,4%.
Com mais de 8,5 mil companhias investidas em mais de 70 países, o fundo soberano da Noruega foi criado em 1990 e é o maior do segmento. O dinheiro para financiar as operações vem do lucro excedente obtido com as indústrias de petróleo e gás do país.
O resultado de 2023 é visto também como um alívio após as perdas registradas em 2022. No ano retrasado, o fundo norueguês registrou prejuízo de cerca de US$ 160 bilhões. O fundo culpou as “condições muito incomuns” da economia para justificar as perdas.
Em relação à 2024, Tangen afirmou que que existem “hotspots” em muitos lugares” no que diz respeito a questões geopolíticas que podem afetar o desempenho das ações. “A tensão entre a Estados Unidos e China é negativa para o crescimento económico e o comércio mundial”, disse.
O executivo também citou o efeito das tensões no Oriente Médio que podem elevar os custos de frete por conta das rotas comerciais. “E, claro, as situações mais assustadoras são aquelas que você não conhece. Ou seja, que ainda não aconteceram.”
O Japão pode estar no radar para os investimentos do fundo norueguês nos próximos anos. Em outubro, o primeiro-ministro japonês Fumio Kishida pediu que um grupo de gestoras de fundos estrangeiros investissem pesadamente "no futuro do Japão".
Na ocasião, executivos de gestoras como Norges Bank, KKR, Blackstone, GIC, Temasek, além de Larry Fink, da BlackRock, estavam presentes em um jantar na residência do primeiro-ministro em Tóquio.