Todas as movimentações do Federal Reserve (Fed) são acompanhadas com lupa pelos especialistas do mercado financeiro global. Qualquer nova vírgula no discurso do presidente da autoridade monetária, Jerome Powell, é motivo para os investidores mexerem nas suas estratégias.
Mas nem todo esse cerco sobre o Fed impede algum gestor de se destacar. Foi o que aconteceu com Chris Rokos, um trader que montou a Rokos Capital Management e hoje tem US$ 16 bilhões sob gestão, que não seguiu o movimento manada.
Enquanto a grande maioria do mercado passou a ficar otimista, no fim do ano passado, com a necessidade de mais cortes nos juros, Rokos manteve a crença de que o movimento continuaria lento. O resultado foi um generoso crescimento de quase 9% do seu fundo macro e um lucro de US$ 1 bilhão com a estratégia.
De acordo com o Financial Times, a gestora britânica informou aos investidores que realizou uma liquidação no mercado de títulos para aproveitar a mudança de visão do mercado sobre a postura do Fed.
No quarto trimestre do ano passado, à medida que os dados sobre a economia americana foram sendo divulgados, os gestores começaram a precificar um corte das taxas de juros pelo Fed a partir de maio.
Além disso, os mais otimistas enxergavam a possibilidade de haver seis reduções do atual patamar entre 5,25% e 5,5% ante os três sinalizados pela autoridade monetária.
Mas com a resistência do Fed frente a uma nova série de dados sobre a economia americana, os mercados recalcularam as suas expectativas. A inflação de janeiro, por exemplo, diminuiu menos do que o esperado, para um ritmo anual de 3,1%.
Agora, os especialistas precificam de três a quatro cortes até ao final deste ano, com o primeiro movimento acontecendo em junho. Os rendimentos dos treasuries de dois anos, que acompanham de perto as expectativas de taxas de juros, subiram para 4,6%, ante menos de 4,2% no início de janeiro.