Antonio Moreira Salles e Julio Benetti estão olhando mais ativamente para o exterior. Nesta semana, a Mandi Ventures, gestora criada por eles em 2020 e que tem US$ 30 milhões para teses de agtechs e foodtechs, realizou mais um investimento fora do Brasil - cinco das sete investidas estão em terras estrangeiras.
O aporte em questão foi feito na startup suíça Cultivated Biosciences. A companhia produz um creme de levedura que substitui aditivos químicos usados pela indústria na produção de alimentos como iogurtes sem o uso de leite.
“É uma empresa que tem um produto para o consumidor e com clientes de bens de consumo”, afirma Julio Benetti, sócio da Mandi Ventures, ao NeoFeed. “Produtos alternativos e plant-based têm problemas com gosto, textura. Parece que falta alguma coisa. A Cultivated tenta resolver esse problema.”
Finalizada nos últimos dias, a rodada seed de US$ 5 milhões foi liderada pela Navus Ventures e contou ainda com a participação das gestoras Fonderful, HackCapital, Joyful VC, e dos investidores Lukas Böni e Zürcher Kantonalbank.
Fundada por Dimitri Zogg, Tomas Turner e Lucie Rein no fim de 2021, a companhia já havia levantado US$ 1,5 milhão em pré-seed. Por ora, o negócio ainda está em fase de desenvolvimento. O plano é exportar a operação para clientes nos Estados Unidos em 2025.
Com o aporte na Cultivated Biosciences, a Mandi Ventures expande sua atuação para fora do Brasil. “A intenção era ter um fundo diversificado em termos geográficos”, diz Salles. Atualmente as startups investidas são de países como Estados Unidos, França, Reino Unido e, agora, Suíça.
Investir em outros mercados está fora de cogitação no momento. Na Ásia, o único alvo possível é Israel. O restante do continente está descartado. “Fica um pouco longe de casa demais para nós”, afirma Salles.
Em sua tese de investimento, a Mandi Ventures assina cheques entre US$ 500 mil e US$ 2 milhões para startups em estágio seed e série A – mas o valor pode variar caso a caso. Os negócios preferidos são aqueles voltados para remodelar a indústria alimentícia.
A gestora pode liderar ou não os rounds. Um dos aportes liderados foi o realizado no começo do ano passado na britânica Multus Biotechnology. A companhia que atua com agricultura celular levantou uma série A de US$ 9,5 milhões.
O investimento na Cultivated Biosciences é o segundo realizado neste ano. Antes disso, a companhia aportou na operação da startup americana Alice, que produz chocolates à base de cogumelos. Os produtos têm propriedades para ajudar a dormir melhor, melhorar o humor e aumentar a concentração.
Com os dois aportes realizados, a Mandi Ventures já igualou a média de investimentos que costuma fazer a cada ano. Ao todo, a gestora desembolsou cerca de 40% do fundo de US$ 30 milhões. Do valor total, entre 20% e 30% está reservado para operações de follow on.
Na tese de desinvestimento, Salles afirma que a gestora não possui uma regra fixa. “Podemos sair mais cedo, como também em um IPO ou em uma operação de M&A”, afirma.