As gigantes de tecnologia Amazon, Alphabet, Apple, Meta, Microsoft, Nvidia e Tesla, não são denominadas como as “Sete Magníficas” por acaso. Em 2023, os papéis do seleto grupo registraram valorização acumulada de aproximadamente 64%, enquanto o S&P 500 avançou 20%.

Responsáveis por mais de 12% do valor de mercado do índice desde então, as sete gigantes se tornaram “as joias da coroa” de Wall Street, mas a situação parece estar mudando com a chegada do segundo semestre.

Enquanto os especialistas aguardam pelos resultados financeiros do 2º trimestre das empresas, que estão previstas para entregar números fortes, as small caps começam a cavar o seu espaço dentro do acirrado mercado de capitais nos Estados Unidos.

Essa movimentação já pode ser percebida nos gráficos. No último mês, o índice Russell 2000, que reúne companhias de pequena capitalização, registrou uma valorização de 7,5%, enquanto o S&P 500 avançou pouco mais de 1%.

As empresas do Russell 2000 devem reportar um aumento de quase 18% nos lucros do segundo trimestre, interrompendo uma série de cinco trimestres de quedas, segundo dados da LSEG I/B/E/S.

Big techs ou small caps?

Na visão dos especialistas, a “virada de chave” nos investimentos é motivada pela queda da inflação e também por uma perspectiva melhorada de ganhos dessas companhias e pegou boa parte de investidores de surpresa.

Historicamente, os momentos de incerteza levam os investidores para as ações mais estruturadas e estabelecidas do mercado, como visto desde a pandemia do Covid-19. Porém, com um cenário um pouco mais “previsível”, é comum que essa situação comece a se alterar. Porém, a pergunta é: esse movimento veio para ficar?

Para os analistas consultados pelo Wall Street Journal e pelo Financial Times, o cenário traz um “cardápio” mais diversificado para o mercado, que antes só tinha olhos para as gigantes. Para as fontes consultadas, com a inflação em queda, as empresas menores, que geralmente carregam encargos de dívida mais elevados do que as grandes empresas, se beneficiam.

As vantagens de taxas mais baixas também são vistas nas gigantes de tecnologia, mas muitas delas têm recebido um impulso nos lucros devido às altas taxas de juros, graças à pilha de dinheiro em caixa.

Pensando na taxa de juros americana, que deve receber seu primeiro corte em setembro, a perspectiva para as pequenas empresas também melhora. "Quem se beneficia com a queda das taxas? Aqueles que mais sofreram quando elas subiram, que são basicamente os jogadores mais fracos", diz Raheel Siddiqui, estrategista sênior de investimentos da Neuberger Berman.

Para que a rotação nos “líderes” do mercado persista, os especialistas acreditam que os resultados precisarão reforçar a perspectiva de que as empresas pequenas e mais cíclicas estão prontas para performar.

Na visão de Savita Subramanian, chefe de estratégia de ações dos Estados Unidos no Bank of America, boa parte das ações do S&P estava em recessão técnica no ano passado, situação que não será vista nesse ano. Assim, com o crescimento dessas companhias, os investidores podem começar a sentir o peso do preço das ações em seus bolsos.

“À medida que o crescimento se amplia, acreditamos que os investidores devem se tornar um pouco mais sensíveis ao preço e migrar para essas empresas mais baratas e cíclicas”, afirmou o analista ao Financial Times.

Como destacado pelo especialista, a mudança no mercado não significa que os papéis das big techs vão começar a cair. Mas sim que os investidores podem ter ganhos mais relevantes com a valorização das pequenas.

"Do ponto de vista fundamentalista, as sete magníficas não são mais a única opção onde se pode encontrar crescimento", afirmou Jim Tierney, gestor de portfólio focado em crescimento na AllianceBernstein, ao FT.