Enquanto uma parcela considerável das incorporadoras de médio e alto padrão vive um momento de maior cautela, a Lavvi, empresa que atua nesse espaço e que tem a Cyrela como controladora, com uma fatia de 60,9% da operação, está atraindo uma visão mais construtiva de parte do mercado.
Esse é o caso dos analistas do Itaú BBA, que, após um encontro com as lideranças da empresa, elevaram a recomendação do papel de neutro para compra, com um preço-alvo de R$ 14 para a ação, um upside de 57,7% sobre o valor atual do papel.
Como parte dessa atualização, divulgada em um relatório na quarta-feira, 31 de julho, o banco colocou a Lavvi como sua top pick entre as ações de menor liquidez no espaço dos players de médio padrão, ao lado da Moura Dubeux. E manteve a Cyrela como a sua principal escolha no setor.
“Embora o momento para uma atualização em uma incorporadora residencial de médio padrão, small cap, possa não ser o mais óbvio, dadas as incertezas relacionadas à macroeconômica, nós decidimos dar esse voto de confiança”, escreveu o time de analistas liderado por Daniel Gasparete.
Em relatório, o Itaú BBA ressalta fatores como o forte momento operacional da Lavvi, expresso em indicadores como uma velocidade de vendas “de ponta” no setor, de 21%, empatada justamente com a Cyrela. Além do estoque baixo e de um crescimento, ano contra ano, de 84% nos lançamentos em 2024.
Outro componente citado são os lucros crescentes da incorporadora, que registra um crescimento anual composto em seu lucro por ação de 30% nos últimos dois anos. Assim como as projeções de um valuation atrativo de 4,4 vezes o preço sobre lucro e de um ROE de 25% para 2025, o mais alto do setor.
Os pilares que sustentam essa visão também envolvem um pipeline robusto de lançamentos, uma boa execução na construção e uma projeção por parte do banco de alta no lucro líquido de 35%, em 2024, e de 30%, em 2025.
“Isso coloca a Lavvi sendo negociada com um desconto de 10% em relação à Cyrela e cria uma assimetria atraente para investir na ação”, pontuam os analistas sobre a operação criada em 2016, nos corredores da Cyrela, e cuja abertura de capital aconteceu em 2020.
Entre outras estimativas, o Itaú BBA projeta um Valor Geral de Vendas (VGV) em lançamentos de R$ 2,7 bilhões para a Lavvi em 2024, contra R$ 1,4 bilhão em 2023. Essa conta inclui, entre outros projetos, a marca Novvo, braço de atuação da empresa no segmento do Minha Casa Minha Vida (MCMV).
“É importante destacar que 50% dessa estimativa foi executada no primeiro semestre de 2024. Para os próximos ciclos, esperamos que a Lavvi consolide sua operação com um VGV de R$ 2,5 bilhões lançados por ano.”
Segundo os analistas, isso colocaria a empresa entre os players de maior pipeline na cidade de São Paulo. Mas sem gerar grandes preocupações com os canteiros de obras, dado que a empresa foca em menos projetos de alta renda.
O banco faz, porém, algumas ressalvas sobre a operação. Mesmo com o ritmo de velocidade de vendas, um dos riscos apontados é a criação de estoque, em função do VGV significativo dos projetos da incorporadora.
“Também monitoramos o risco de pressão inflacionária após um aumento na demanda por equipamentos e um mercado de trabalho apertado para todas as construtoras na cidade de São Paulo”, diz outro trecho do relatório.
As ações da Lavvi encerraram o pregão de hoje na B3 com alta de 1,60%, cotadas a R$ 8,91. Em 2024, o papel LAVV3 registrou uma valorização de 1,1% e a companhia está avaliada em R$ 1,74 bilhão.