A bolsa de valores do Japão mostrou em dois pregões o que significa o efeito chicote no mercado de ações. Em um dia, uma queda de 12,4%, no pior desempenho do índice Nikkei desde o crash de 1987. No outro, uma alta de 10,2%, o maior ganho em um pregão desde outubro de 2008.
Na terça-feira, 6 de agosto, junto com a bolsa do Japão, o índice europeu Stoxx 600 abriu em alta de 0,7%, após queda de 2,2% no dia anterior. E os dois principais indicadores de Wall Street subiam no mercado futuro: S&P 500, 1%, e o Nasdaq, 1,4%.
O que aconteceu na Ásia na segunda-feira, 5 de agosto, contaminou os ativos em todo o mundo. O Ocidente reagiu ao acordar. Embora exagerado, o movimento de fuga é considerado normal pelos especialistas. A dúvida é sa correção nos mercados globais já foi suficiente para redefinir os preços.
Há dois problemas que vão seguir enervando os investidores ao longo dos próximos dias: a necessidade de correção no mercado de ações, principalmente de empresas ligadas ao setor de tecnologia. E o tamanho da recessão da economia dos Estados Unidos.
“O risco de recessão [nos Estados Unidos] obviamente subiu”, diz o economista Tony Volpon, professor da Universidade Georgetown e ex-diretor do Banco Central, em entrevista ao NeoFeed.
Volpon é um dos cinco especialistas ouvidos pelo NeoFeed para entender o que vem pela frente. Afinal, essa forte reação dos investidores, que provocou quedas brutais nos mercados de ações, altas fortes nas moedas e mexeu com o futuro dos juros ao longo da segunda-feira, 5 de agosto, não pode ser visto de maneira isolada.
“Havia outras coisas acontecendo ao mesmo tempo que levaram a essa forte desalavancagem que estamos vendo em vários mercados. É possível que as coisas se acalmem”, afirma Volpon - a entrevista completa você lê aqui.
Os especialistas acreditam que o impacto do declínio dos mercados será pontual e limitado. “Pode se estender por mais alguns poucos dias, mas não seria uma correção. Uma correção costuma ser mais associada a uma deterioração mais grave dos fundamentos da economia”, diz Daniel Popovich, portfolio manager da Franklin Templeton - a entrevista completa você lê aqui.
Mas existe um dilema a ser enfrentado daqui para frente, principalmente nos Estados Unidos: o freio da economia, em relação a corte de investimentos pelas empresas e redução de gastos pelos consumidores, acontecerá em razão da recessão ou pelo receio de que ela está chegando?
“Até agora, a desaceleração foi suave e a inflação está em declínio, embora ainda não tenha atingido a meta. Com isso, era necessário reduzir a atividade para fazer uma convergência da inflação para a meta”, diz Luciano Telo, CIO para o Brasil no UBS Global Wealth Management - a entrevista completa você lê aqui.
Diante desse pânico global, os mercados emergentes mostraram uma certa resiliência. Na América Latina, o “problema” é que não foi por mérito de suas economias, mas pela escolha dos investidores.
“A América Latina está fora do radar dos grandes investidores, então não há um movimento desmonte de posições, nem mesmo de saída pelo risk off”, afirma Stefano Del Papa, head de gestão de ativos da América Latina do Grupo global Azimut - leia a entrevista completa aqui.
Os ativos no Brasil estão na contramão do mundo. Enquanto o Ibovespa acumula uma queda de 5,6% no ano, Nasdaq e S&P 500 têm ganhos de 9,7% e 9,3%, respectivamente, mesmo após a correção de 5 de agosto. Em dólar, a bolsa brasileira cai mais de 20%. E a desvalorização do real frente ao dólar chegou a 18% no ano.
“O Brasil está bem atrasado em relação aos outros países. É aquela coisa de ir esticando a corda, mas chega uma hora que não consegue esticar mais”, diz Luiz Fernando Figueiredo, chairman da JiveMauá - leia a entrevista completa aqui.