Não é só a Berkshire Hathaway que está fazendo caixa ao reduzir suas posições em Apple e Bank of America (BofA). Executivos do alto escalão da companhia do bilionário Warren Buffett também estão aproveitando o momento para reduzirem suas participações no conglomerado.
O vice-presidente e chefe das operações de seguros da Berkshire Hathaway, Ajit Jain, 73 anos, se desfez do equivalente a US$ 139 milhões em ações Classe A, que dá direito a voto, reduzindo pela metade sua participação na companhia, segundo documentos regulatórios publicados na quarta-feira, 12 de setembro, de acordo com a Bloomberg.
Um dos principais executivos da empresa, Jain vendeu 200 ações Classe A por cerca de US$ 695,42 mil a unidade, que no ano acumulam alta de 22,8%. Ele ainda detém 166 dessas ações, que somam US$ 112 milhões.
Essas ações estão divididas entre sua posição pessoal, os trusts para sua família e a Jain Foundation, entidade que fundou para encontrar a cura para uma doença neuromuscular rara, que acomete o seu filho.
Os motivos para a venda não estão claros – quando procurado pela Bloomberg, Jain não quis dar declarações. A Berkshire Hathaway não retornou os pedidos por comentários da reportagem.
As vendas ocorreram no momento em que a Berkshire Hathaway flerta com a casa do US$ 1 trilhão em market cap. A companhia atingiu o patamar no fim de agosto. Na quinta, 12 de setembro, o valor de mercado da companhia era de US$ 968 bilhões.
Elas também aconteceram enquanto o conglomerado vem se desfazendo de ações que detém há bastante tempo. Entre os pregões de sexta-feira, 6 de setembro, e de terça-feira, 10 de setembro, a Berkshire Hathaway vendeu mais US$ 230 milhões em ações do BofA.
O movimento ocorreu depois de a empresa se desfazer do equivalente a US$ 850 milhões dos papéis do segundo maior banco dos Estados Unidos, em termos de valor, no final de agosto.
As vendas vem engordando o caixa da Berkshire Hathaway, que fechou o segundo trimestre em US$ 276 bilhões, muito acima do valor de mercado da Petrobras (US$ 89,9 bilhões).
Jain começou a trabalhar na Berkshire Hathaway em 1986 nas operações de seguros, se tornando vice-presidente em 2018, junto com Greg Abel, apontado pelo próprio Buffett como provável sucessor.
Apesar de não ter sido escolhido para comandar a lendária casa assumida por Buffett e Charlie Munger, o executivo é bem quisto pelo chefe (em entrevista à CNBC, no ano passado, Buffett disse que Jain nunca quis comandar a Berkshire). Em 2017, Buffett afirmou que Jain foi o responsável por fazer mais dinheiro para a companhia do que ele próprio.
“Ajit criou dezenas de bilhões de valor para os acionistas da Berkshire”, escreveu Buffett na ocasião. “Se houvesse outro Ajit e você pudesse me trocar por ele, não hesite. Faça a troca!”