Depois de se tornar um dos principais nomes do e-commerce e de serviços de computação em nuvem, a Amazon quer agora imprimir sua marca na parte de sustentabilidade, com uma iniciativa que está começando a implementar pelo Brasil e que deve transformá-la num market maker do mercado voluntário de carbono.

A companhia, fundada por Jeff Bezos e avaliada atualmente em US$ 1,9 trilhão, está lançando oficialmente na noite de quinta-feira, 19 de setembro, em parceria com as startups BovControl e Belterra, a plataforma Sabiá, que prevê utilizar créditos de carbono para estimular o reflorestamento e a adoção do sistema de agroflorestas, em que árvores nativas são plantadas ou manejadas em associação com culturas agrícolas.

A iniciativa foi informada com exclusividade pelo NeoFeed em janeiro de 2022, está começando a ser implantada no Pará, mas a ideia é estender para o restante do País e depois para o mundo.

Os participantes inscritos serão auxiliados pela Belterra, que será responsável por fornecer treinamento, assistência técnica e acesso a insumos. A BovControl, por sua vez, cuida do desenvolvimento e gestão do Sabiá, que vai monitorar o progresso dos agricultores na restauração de suas terras.

Além de fornecer o investimento para lançar o programa de aceleração de agroflorestas e restauração, a Amazon ficará responsável por garantir a validação, a verificação, a emissão e a compra dos créditos de carbono das atividades do programa, com a iniciativa podendo movimentar entre US$ 5 e US$ 30 por tonelada, considerando os valores praticados no mercado.

O NeoFeed apurou que a plataforma já vinha trabalhando com centenas de fazendas nos últimos 12 meses. Com o lançamento, o objetivo é ter cerca de 3 mil fazendeiros e 20 mil hectares cadastrados até o fim do ano e capturar 10 gigatoneladas de dióxido de carbono até 2050, o equivalente à emissão de 2 milhões de carros em um ano.

O Sabiá representa a primeira iniciativa em que a Amazon se envolve diretamente com temas ambientais. Em 2020, a companhia anunciou a criação do The Climate Pledge Fund, um fundo de corporate venture capital de US$ 2 bilhões para investir em iniciativas voltadas à descarbonização, tendo investido na Rivian, de carros elétricos, e na Beta Technologies, de carros voadores.

O Sabiá vem num momento em que o tema de crédito de carbono ganha tração no Brasil e no mundo, um mercado previsto para registrar receitas de, aproximadamente, US$ 120 bilhões no País até 2030, de acordo com estudo divulgado em 2022 pelo capítulo nacional da Câmara de Comércio Internacional (ICC Brasil) e a consultoria de sustentabilidade WayCarbon.

Segundo o estudo, na próxima década, o Brasil tem potencial para suprir até 48,7% da demanda global do mercado voluntário e até 28% da demanda global do mercado regulado no âmbito da ONU.

As perspectivas desse mercado tem feito muitas companhias se mexerem. Na quarta-feira, 18 de setembro, a B3 anunciou que está desenvolvendo uma plataforma de registro de projetos geradores de créditos de carbono. Seu objetivo é facilitar o acesso a informações desses projetos e acelerar o processo de emissão de crédito de carbono, para posterior negociação.

Iniciativas como essa visam compensar a pegada de carbono no planeta, em que estudos apontam que até 2050 serão lançados 10 milhões de toneladas de dióxido de carbono na atmosfera, o equivalente à emissão de 2 milhões de carros por ano.