Há cerca de um ano, a Locaweb foi rebatizada como LWSA. Agora, o que está sendo renovado é o comando da companhia. Prestes a completar sete anos no cargo de CEO, Fernando Cirne está deixando a posição, conforme informou a empresa na noite de quinta-feira, 10 de outubro.
Em fato relevante, a LWSA anunciou que seu substituto será Rafael Chamas, atual CFO e diretor de relações com investidores da companhia, que está na empresa desde 2016 e assumirá o posto em 10 de fevereiro de 2025. Cirne, por sua vez, passará a ocupar uma posição no conselho de administração.
“Acho que o primeiro ponto aqui é de uma mudança com pouca mudança”, diz Cirne, em entrevista ao NeoFeed. “O Rafael já era meu braço direito e, há um bom tempo, deixou de ser meramente CFO. Estamos oficializando algo que já vinha ocorrendo.”
Na LWSA desde 2012 e à frente da companhia desde março de 2018, Cirne ressalta que essa troca foi um movimento feito a “seis mãos” e muito bem combinado por ele, pelo bloco controlador, composto pelos fundadores, e pela General Atlantic, outro acionista de peso, com 15% da operação.
“A grande mensagem é que não tem um solavanco, uma ruptura na estratégia”, diz Chamas, reforçando esse “entrosamento”. “Os ciclos de sucessão na LWSA sempre envolveram lideranças internas e eu, apesar da cadeira de CFO, já vinha exercendo um papel bem mais amplo nos últimos dois anos.”
Segundo Cirne, o avanço de Chamas em outras atribuições nesse intervalo foi um processo estimulado a partir da sua percepção de que precisava reservar menos tempo para o operacional e dedicar uma parcela maior da sua agenda aos diálogos com o conselho, os acionistas e os investidores.
“Temos um mundo aqui que não é exatamente fácil. Somos uma empresa aberta e temos um fundo de private equity como acionista. E tenho que responder ao mercado”, afirma. “Então, eu precisei escolher quase que um CoCEO para tocar o dia a dia e o Rafael assumiu esse papel de forma brilhante.”
Agora, na nova posição, além do assento no Conselho de Administração, Cirne terá uma participação mais estratégica e fará parte de todos os comitês da companhia. Bem como dos “mini-boards” de cada unidade de negócio da LWSA.
Como parte dessa transição, a empresa anunciou que o processo de sucessão terá duração de quatro meses. Na preparação para a passagem de bastão, Chamas assumirá as posições de chief operating officer (COO) e diretor de business development durante esse período.
A LWSA também comunicou a chegada de André Kubota para os cargos de CFO e diretor de RI. O executivo, que até então atuava como CFO na Ambar Tech, tem passagens por empresas como Santander, Itaú, Itaú BBA e Hidrovias do Brasil, e foi sócio da Constellation Asset Management.
“Estamos trazendo agora um CFO puro”, ressalta Cirne. “Nesses quatro meses, o Rafael vai formá-lo e adequá-lo à empresa. E, em paralelo, vai assumindo definitivamente as minhas funções, enquanto eu vou ser um conselheiro muito ativo, com bastante presença no dia a dia da empresa.”
Além de ressaltar o foco na rentabilidade e na geração de caixa, que têm sido os mantras da LWSA nos últimos dois anos, após uma série de aquisições que pesaram no balanço da companhia, o novo CEO reforça que a prioridade do grupo é extrair mais valor dos ativos incorporados desde o IPO, em 2020.
“Muito do que temos feito vem dos produtos que compramos nesses quatro anos”, diz Chamas. “E, nesse cenário, a lógica de cross sell vai ser cada vez mais relevante, assim como a de ofertas complementares ao ERP e à plataforma de e-commerce, como os serviços financeiros e de logística.”
As ações da LWSA encerraram o pregão dessa quinta-feira com ligeira queda de 0,48%, cotadas a R$ 4,13. No ano, os papéis registram uma desvalorização de 31,2%, dando à empresa um valor de mercado de R$ 2,4 bilhões.