Os vultosos investimentos das big techs para estarem na liderança do tema da inteligência artificial (IA) tem gerado preocupações nos investidores, que temem não verem tão cedo retornos financeiros nesses aportes.

Os resultados das companhias, nesta semana, apontaram que algumas apostas começaram a dar resultados. Mas alertaram que o capex nesta frente deve permanecer alto no ano que vem, o que não ajudou a dissipar as preocupações dos investidores.

Os retornos dos investimentos, no entanto, começam a aparecer na parte de nuvem. Empresas como Amazon, Microsoft e Alphabet viram suas receitas nessa frente, somadas, atingirem US$ 62,9 bilhões no último trimestre. O valor representa um aumento de 22,2% em relação à receita consolidada vista no mesmo período do ano anterior.

Em teleconferência com analistas na quarta-feira, 30 de outubro, para tratar dos resultados do primeiro trimestre do ano fiscal de 2025, encerrado em setembro, a CFO da Microsoft, Amy Hood, afirmou que a demanda por computação em nuvem está elevada, superando a capacidade da companhia.

O Google, que há anos ocupa o terceiro lugar entre os provedores de computação em nuvem, informou que a receita dessa unidade de negócios aumentou 35% no terceiro trimestre, em base anual, para US$ 11,4 bilhões, enquanto no segundo trimestre houve um aumento de 28,8%.

As três empresas gastaram um total de US$ 50,6 bilhões no trimestre passado em IA, com boa parte desses recursos indo para estabelecer os data centers necessários para a tecnologia. No mesmo período do ano passado, o gasto nessa frente totalizou US$ 30,5 bilhões.

Diante dos resultados, e o fato de que a disputa ainda está nos primórdios, mais investimentos devem vir por aí. O trio informou aos investidores que os gastos com IA vão subir nos próximos meses.

Outra empresa que também anunciou que vai gastar mais nessa frente é a Meta, que investe em infraestrutura para suas próprias aplicações de IA no Instagram, WhatsApp e Facebook.

Analistas do Citi projetam que as quatro big techs devem gastar cerca de US$ 209 bilhões neste ano com IA, segundo o jornal Financial Times. Trata-se de um aumento de 42% em relação ao que foi visto em 2023, com os analistas estimando que os aportes em data centers responderão por cerca de 80% do total.

Mas os primeiros resultados ainda não foram suficientes para os investidores embarcarem totalmente nos planos das companhias para IA.

Por mais que a parte de computação em nuvem e data centers esteja apresentando resultados, críticos seguem questionando se os altos volumes de investimentos serão capazes de sustentar o crescimento das companhias no longo prazo, não apenas via computação em nuvem.

Para muitos, as companhias ainda não são muito claras nas informações que transmitem. Em muitas teleconferências, os executivos fizeram declarações vagas a respeito dos benefícios da IA para seus negócios. Um caso citado foi da Alphabet, que disse que novas ferramentas de IA em sua ferramenta de buscas estavam aumentando o engajamento de usuários, de acordo com o FT.

A situação fez com que as big techs puxassem para baixo o Nasdaq Composite, no pregão de quinta-feira, 31 de outubro, que fechou com queda de 2,8%. No pregão desta sexta-feira, 1º de novembro, o índice subia 0,80% perto das 17h12, aos 18.239,92 pontos.

Em julho, estrategistas do Goldman Sachs levantaram a questão dos enormes aportes que as big techs estão fazendo, lembrando da bolha da internet, no começo dos anos 2000, afirmando que “o desempenho das vendas serão indicador chave para os investidores avaliarem a durabilidade do trade de IA”.