O Apex Group está de olhos bem abertos para o mercado da América Latina. Depois de se instalar no Brasil há quatro anos e se tornar um dos principais players do País, a companhia de administração de fundos e de serviços financeiros está se expandindo pela região.

O mais recente passo foi dado em meados de outubro, quando fechou a aquisição da administradora de fundos chilena Finix Group, que possui US$ 11 bilhões em ativos sob administração, por um valor não revelado.

Agora, a Apex, investida do Carlyle e Mubadala, quer seguir consolidando a região, seja por movimentos orgânicos ou inorgânicos, sem tirar o olho do Brasil, considerado o seu carro-chefe na América Latina.

Na estratégia de expansão pela região, a Apex se prepara para entrar no México, com as atividades previstas para começar em janeiro.

“Temos atualmente cerca de US$ 113 bilhões em ativos administrados na América Latina e o nosso plano é dobrar esse valor nos próximos três anos”, diz Roberto Cortese, chefe da América Latina e diretor regional executivo da Apex, ao NeoFeed.

Cortese diz que a ideia inicial era chegar ao México via aquisição, mas o receio de esperar muito tempo pela aprovação das autoridades regulatórias fez com que a Apex optasse por um movimento orgânico, abrindo o escritório do zero.

Mais do que servir o mercado local, a operação mexicana estará voltada para atender os Estados Unidos e o Canadá, servidos geralmente por hubs localizados na Ásia, Índia e Leste Europeu, em que a questão do fuso horário acaba prejudicando as atividades.

Diferentemente do Brasil, em que os serviços precisam ser prestados localmente, é comum nos Estados Unidos que esses serviços sejam prestados em outros países. A Apex também pretende avançar sobre os mercados da Colômbia e do Peru. Mas, nesse caso, trata-se de um plano de médio prazo.

Máquina de M&As

Fundada em 2003 nas Bahamas como uma administradora de fundos, a Apex vem apostando principalmente em aquisições há dez anos para acelerar o seu crescimento.

Essa estratégia conta com o apoio de investidores. Além de Mubadala e Carlyle, que chegaram ao quadro de sócios em 2022, os fundos Genstar Capital e TA Associates fazem parte da base de acionistas da empresa.

Em dez anos, a Apex comprou 40 empresas ao redor do mundo e está presente atualmente em 50 países, com 112 escritórios e 13 mil funcionários. A empresa diz ter um total de US$ 3,2 trilhões de ativos sob administração.

Nesse processo, a companhia aproveitou para incrementar sua prateleira de ofertas e trazer ferramentas tecnológicas, como serviços contábeis e de governança para as empresas investidas dos fundos.

Essa oferta, juntamente com o fato de ser um nome com presença internacional com operações integradas, é vista como um diferencial da Apex em relação a grande parte dos concorrentes locais, que dependem de parceiros para realizar operações.

De olho no Brasil

Ainda que tenha planos de crescer por outros países da América Latina, a principal aposta para dobrar os ativos sob administração vem justamente do Brasil. A Apex começou a ter operações no País em novembro de 2020, depois da aquisição da MAF, empresa de administração de fundos estruturados que pertencia ao Grupo Modal.

A operação trouxe aproximadamente R$ 80 bilhões em ativos sob administração e custódia de fundos de investimentos institucionais (FIPs, FIDCs e FIIs). E, em maio de 2021, veio outra aquisição. A empresa adquiriu a BRL Trust, com a qual adicionou R$ 233 bilhões em ativos administrados e R$ 195 bilhões em ativos sob custódia.

Roberto Cortese, chefe da América Latina e diretor regional executivo do Apex Group

Com a união das duas, a empresa ganhou escala no Brasil. A Apex conta atualmente com cerca de R$ 635 bilhões em ativos administrados, sendo a sexta maior empresa do ramo, segundo ranking de outubro da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), competindo com os grandes bancos, como Banco do Brasil (BB), Itaú e Bradesco.

Cortese destaca que num recorte que considera apenas fundos estruturados, a Apex fica em primeiro lugar, com R$ 597 bilhões em ativos administrados, à frente de BTG Pactual e Oliveira Trust. “Essa é uma posição relevante, porque não contamos com uma gestora, como os grandes bancos”, diz Cortese.

Para expandir pelo País, a Apex quer crescer no “oceano azul” dos fundos líquidos. “Se pegarmos o tamanho do nosso negócio hoje, temos uma oportunidade cinco vezes maior em fundos líquidos”, diz.

Ele estima que o mercado brasileiro pode representar uma oportunidade de receita anual na casa de R$ 1,5 bilhão ao longo dos próximos três anos, destacando que o País possui margens maiores do que muitos dos mercados em que a Apex opera – a empresa não informa quanto a companhia fatura globalmente por ter o capital fechado. “Mas é relevante em termos da Apex global”, diz Cortese.

Mesmo com o peso do Brasil, a participação da América Latina deve ficar na casa dos 5% do total de ativos administrados pela Apex no mundo. Ainda assim, Cortese diz que a região apresenta boas oportunidades de crescimento, algo que não se observa em mercados maduros em que a companhia está presente.

“Olhando para a composição de portfólio, a América Latina é uma estrela. Não é a ‘vaca leiteira’, mas é uma estrela, com bom potencial de crescimento”, diz.