A Endeavor, organização de estímulo ao empreendedorismo com atuação em mais de 45 países, está começou a captação de seu quinto fundo para investimento em startups, com um valor de US$ 300 milhões. Atualmente, a empresa tem 350 empresas investidas e US$ 540 milhões sob gestão no seu braço de venture capital (VC), o Endeavor Catalyst.

“Com o fundo, nós teremos mais de US$ 800 milhões sob gestão, em um modelo híbrido, onde o lucro e o propósito social coexistem”, afirma Linda Rottenberg, cofundadora e CEO Global da Endeavor. “O fundo faz parte do nosso modelo 50/50, que dá 50% de retorno para os investidores e 50% para a Endeavor, contribuindo para tornar a Endeavor uma organização sem fins lucrativos autossustentável”.

Para a CEO global da Endeavor, que fundou a organização há 28 anos, o maior atrativo dos fundos é a obrigação de investir em empresas que fazem parte do ecossistema da Endeavor e que atuam em segmentos diversos, retirando diversos riscos econômicos e políticos da mesa.

Segundo ela, 94% das empresas investidas pelo fundo ainda estão operando, um fato praticamente inédito em VCs. “Todo o modelo de venture capital depende de retornos de 10 vezes em cerca de 10% dos investimentos, mas estamos conseguindo um número significativamente maior, graças ao nosso duplo processo de diligência”, afirma Rottenberg.

Atualmente, o Brasil é o maior escritório da Endeavor no mundo. Em 25 anos no País, a empresa investiu em 47 startups, das quais 16 se tornaram unicórnios, ou seja, ultrapassaram o valor de mercado de US$ 1 bilhão. Entre as empresas estão Wellhub (antiga GymPass), 99 e iFood.

Entre os investidores esperados pelo fundo estão family offices, corporações e até personalidades como Michael Dell e Bill Ackman. O novo fundo só deve ser anunciado em maio deste ano, mas a base de interessados continua crescendo. Rottenberg afirmou que não existem setores preferidos para os investimentos, já que a empresa possui um leque de ótimas empresas em todos os segmentos.

Ao todo, a Endeavor faz uma média anual de 40 investimentos em todo o mundo, com uma alocação média de US$ 2 milhões. Apesar de haver espaço para ampliar os valores arrecadados, a expectativa não é essa.

“Ao pedir apenas US$ 2 milhões em rodadas que variam de US$ 10 milhões a US$ 100 milhões, as pessoas pensam: ‘Ok, nós amamos a Endeavor, então vamos dar a eles uma alocação de US$ 2 milhões’. Se começarmos a pedir US$ 10 milhões a US$ 15 milhões, vamos competir diretamente com outros VCs e isso não vale a pena”, explica Rottenberg.

Em visita ao Brasil, a empresária comentou, ao lado de Anderson Thees, diretor-geral da Endeavor Brasil, que já está planejando os próximos dez anos da companhia. Suas expectativas são de alcançar US$ 1,5 bilhão sob gestão até 2035, chegando a 100 países.

Até lá, a instituição projeta ser sustentável com base no sucesso dos empreendedores, modelo no qual está focada. Para isso, a meta é dar mais atenção às startups com um pouco mais de estrada, ou com empreendedores de segunda jornada.

Assim, na visão da empresária, será possível auxiliar os empreendedores e suas startups a chegarem mais longe, ultrapassando barreiras nacionais e transformando as empresas em grandes líderes globais por meio de IPOs e M&As.

Para isso, a Endeavor busca transformar a visão de valor do mercado, que hoje prioriza o valuation e não as conexões feitas pelas companhias e como elas afetam o futuro do empreendedorismo.

“Não se trata apenas do fato de que muitas dessas empresas estão indo a público, passando por fusões e aquisições ou oferecendo liquidez, o que é ótimo. Mas o impacto real está no efeito multiplicador que elas estão gerando", afirma. "Brincamos sobre as ‘máfias’, como a máfia do PayPal, mas é impressionante ver a próxima geração seguindo esse exemplo.”

Em sua visão, o Brasil já está bastante avançado nesse segmento. Por aqui, os empreendedores se orgulham de formar novos colegas e até investem em suas novas jornadas. Porém, isso não acontece em grande parte do mundo.