A empresa escocesa Aggreko colocou a expansão da sua operação na América Latina como prioridade neste ano. Para isso, vai investir US$ 100 milhões na ampliação de serviços como aluguel de geradores, infraestrutura de energia solar e outras verticais ligadas ao segmento energético.
O capital vai ajudar a impulsionar os negócios na região. A projeção é de um crescimento de 9% na sua operação na América Latina, que deve focar no desenvolvimento de setores como mineração, petróleo e gás, e utilities.
Esses setores foram responsáveis por um avanço de 17% na operação da empresa na região em 2024. No ano passado, a companhia investiu US$ 46 milhões em infraestrutura para suportar esse aumento de demanda.
“A América Latina é muito forte nesses segmentos e países como Brasil, México e Argentina, se destacam ainda mais, já que essas commodities têm recebido muito investimento para crescer nos próximos anos ”, afirma Pablo Varela, diretor-executivo da Aggreko para a América Latina, ao NeoFeed.
Se os Estados Unidos são o mercado mais importante entre os 60 países em que a Aggreko está presente, com cerca de 30% da participação, o Brasil é o segundo maior país em presença da companhia, com 6% de participação - a América Latina responde por 12% do total.
No Brasil, a empresa atua nas regiões Norte, Sudeste e Sul, com demandas diversas que vão desde questões geográficas na Amazônia, que necessitam de uma infraestrutura planejada para diversas regiões do estado, até o avanço de data centers registrado em São Paulo nos últimos anos.
“O crescimento da necessidade de energia não está exatamente onde as distribuidoras achavam que estaria, o que causa diversos problemas na estrutura elétrica dessas regiões”, afirma Varela. “Apesar dessas regiões se destacarem, existem oportunidades de crescimento em todo o país.”
No início do segundo semestre do ano passado, a Aggreko assinou um acordo com a Huawei Digital Power para desenvolver uma infraestrutura combinada de geração térmica, energia solar fotovoltaica e sistemas de armazenamento em baterias (BESS) para atender o chamado sistema isolado do Brasil - regiões que não fazem parte do Sistema Interligado Nacional (SIN) de energia elétrica.
Como atua no mercado B2B, a empresa oferece serviços no segmento de petróleo e gás, auxiliando no fornecimento de energia para operações onshore e offshore, com geradores e projetos personalizados.
Um exemplo é o projeto de geração elétrica por meio de flare gas (um dispositivo de combustão a gás usado em refinarias de óleo e gás), em Linhares, no Espírito Santo, concluído no ano passado. Com ele, a empresa transforma gases residuais da extração de petróleo em energia, garantindo segurança e reduzindo impactos ambientais - por contrato, o nome da companhia não pode ser divulgado.
Na mineração, Varela afirma que a Aggreko também está presente desde a avaliação inicial, engenharia e design até a operação e manutenção dos equipamentos utilizados em campo, que vão além da necessidade energética e passam por refrigeração e climatização. Esse processo ajuda operações remotas, garantindo que os equipamentos funcionem sem interrupções, mesmo em locais de difícil acesso.
Para atender à demanda crescente, o mix de serviços e produtos da companhia precisou se expandir nos últimos anos. Antes bastante focada nos geradores movidos à diesel, a empresa agora oferece variações do mesmo produto de forma 100% renovável, que vai de encontro com as demandas do consumidor. Segundo o executivo, a geração de energia à gás também é uma vertical que tem avançado bastante.
Quando fala em utilities, Varela afirma que muitos países da América Latina passaram por uma redução de investimento na geração, transmissão e distribuição de energia desde a pandemia do Covid-19. Com isso, empresas de diversos segmentos precisaram procurar por alternativas para resolver seus problemas energéticos, contando com o auxilio de companhias como a Aggreko.
“Muitas empresas demandam por avanços em energia renovável, mas grande parte desses países não têm infraestrutura e capacidade de desenvolver esse negócio, o que faz com que os serviços de terceiros se torne cada vez mais necessário daqui para frente”, diz Varela.