Depois de uma passagem de doze anos - sendo os últimos nove como CEO - Pedro Zemel está deixando o Grupo SBF e o comando da holding de varejo que abriga a Centauro, rede de artigos esportivos, além de negócios como a Fisia, representante exclusiva da Nike no Brasil.
A empresa informou em fato relevante na manhã de terça-feira, 11 de fevereiro, que, após um pedido de renúncia apresentado pelo executivo, está iniciando nesta data um processo de transição no comando da companhia.
O escolhido para substituir Zemel, que permanecerá no cargo durante essa passagem de bastão, será Gustavo Lima Furtado. Ele assumirá oficialmente o cargo no próximo dia 23 de abril e teve seu nome aprovado pelos conselhos de administração das empresas sob o guarda-chuva do grupo.
Em paralelo, a empresa prevê a participação de Zemel como membro dos conselhos de administração das companhias do grupo. Essa atuação estará sujeita à aprovação nas assembleias de acionistas dessas operações programadas para abril.
Graduado em engenharia elétrica pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) e com um MBA na Kellogg School of Management de Northwestern University, nos Estados Unidos, Furtado acumula uma bagagem de mais de 20 anos no varejo e em tecnologia.
O executivo integra os quadros do grupo há 12 anos. Nesse intervalo, ele liderou o desenvolvimento das plataformas digitais e de multicanal da companhia. E foi também o responsável pelo desenvolvimento do conceito de lojas G5, na Centauro, baseado na oferta de serviços personalizados.
Furtado liderou ainda a integração da Fisia, a estratégia de M&As do grupo e comandou a SBF Ventures, braço de investimentos em startups da holding. E atuava como CEO da Centauro desde janeiro de 2023, cargo que seguirá ocupando interinamente até a conclusão da transição.
A empresa também informou que Zemel, que também atuou por quase oito anos como CEO da Centauro, está deixando a companhia para se dedicar a outros projetos pessoais e profissionais. E destacou o fato de o executivo ter liderado o grupo com “grande êxito” desde então.
Zemel também ocupou as posições de diretor executivo de desenvolvimento de negócios e de vice-presidente de vendas e marketing na Centauro, antes de assumir como CEO da varejista e como sucessor de Sebastião Bomfim Filho, fundador do grupo, em 2016.
Na nova função, ele liderou o processo de abertura de capital do grupo, em 2019, e a diversificação dos negócios da companhia, sob a tese de construção de um ecossistema. Entre outros passos, essa estratégia envolveu a estruturação da parceria com a Nike, que resultou na criação da Fisia, em 2021.
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Uma fonte próxima à gestão do grupo ouvida pelo NeoFeed avalia que a transição no cargo de CEO como “totalmente normal”. “O Pedro está lá há doze anos. O Gustavo é cria dele e está na companhia a quase 12 anos também. O Pedro vai seguir no conselho e será uma transição feita com calma”, afirmou.
Com a divulgação do balanço do quarto trimestre e do ano consolidado de 2024 marcada para o próximo dia 17 de março, os números mais recentes registrados pela “dupla”, relativos ao terceiro trimestre do ano passado, trazem um pouco do termômetro do momento vivido pelo grupo.
Na última linha do balanço, o Grupo SBF reportou um lucro líquido de R$ 133,7 milhões, o que representou uma alta sobre igual período, um ano antes, de 84%. A receita líquida, por sua vez, teve uma queda de 1,3%, para R$ 1,77 bilhão.
Nessa mesma base de comparação, a Centauro apurou uma receita bruta de R$ 1,11 bilhão, um crescimento de 1%. Já o lucro bruto ajustado da varejista foi de R$ 450,5 milhões, um avanço de 8,3% sobre o terceiro trimestre de 2023.
Em relatório sobre o processo de sucessão, o Goldman Sachs ressaltou que Zemel liderou a empresa em momentos críticos da sua trajetória, como o IPO, a estruturação do direito de operar a marca Nike no Brasil e a expansão e a reformulação das lojas da Centauro.
“Saudamos o plano de sucessão interna, mas esperamos ouvir mais da companhia sobre qualquer mudança nas prioridades ou outras posições-chave”, escreveu o banco, que tem recomendação de compra e preço-alvo de R$ 16 para o papel.
As ações do grupo fecharam o pregão de ontem cotadas a R$ 10,93, alta de 3,11%. Em 2025, os papéis acumulam uma valorização de 1,9%. Em doze meses, porém, há uma desvalorização de 10%. A companhia está avaliada em R$ 2,62 bilhões.