Do turismo à tecnologia, nenhum mercado está imune ao coronavírus. Mas enquanto a maioria sofre os sintomas da doença que já contaminou mais de 81 mil pessoas em cerca de 40 países, sendo um caso no Brasil, outros são contraditoriamente beneficiados por ela.

A marca fitness Peloton é uma das que sente o efeito colateral positivo do avanço do vírus – e suas ações refletem o "estranho" caso: nesta quarta-feira, os papéis da companhia subiram 7,05%, sendo vendidos a US$ 29,02. 

Embora ainda distante da marca história de US$ 36,84, cravada em dezembro de 2019, a cifra deve crescer junto com o interesse dos usuários de trocar a academia, parques e outros ambientes que promovem aglomeração por opções de exercícios em casa. 

A Peloton comercializa uma bicicleta ergométrica inteligente por US$ 2 mil, e trabalha com o modelo de assinatura para seu serviço de treinamento físico remoto. 

Avaliada em US$ 8,2 bilhões, a empresa tem o aval de analistas como Justin Patterson, da agência de pesquisa financeira Raymond James. "Estamos confiantes sobretudo com a melhoria na logística da Peloton, que tem cumprido entregas mais rápidas. Isso já impactou positivamente o desempenho da organização nos últimos trimestres, e deve puxar ainda mais a performance da empresa agora que a demanda tende a aumentar com o aumento nos casos do coronavírus", disse Patterson ao NeoFeed.

Quem não se deixa afetar por essas oscilações na bolsa causadas pela epidemia é o megainvestidor Warren Buffett. Em entrevista ao canal de notícias americano CNBC, o oráculo de Omaha, como Buffett é chamado, afirmou que as manchetes sobre a doença não devem contaminar a decisão de compra ou venda de cada um.

"Se você vai comprar um negócio, porque é isso que é uma ação, você vai ser proprietário por 10 ou 20 anos. Assim, a pergunta mais importante é: 'o cenário de longo prazo dos negócios americanos mudou nas últimas 24 horas, 48 horas?", indagou. 

O megainvestidor fez questão em frisar que não é um especialista em epidemias, mas que, como investidor, sabe que "uma porcentagem significativa dos negócios será afetada de alguma forma". Tudo o que Buffett pede é, na verdade, calma. 

Ainda segundo o empresário, o momento pode ser propício para a aquisição de papéis que se desvalorizaram com o alarde em torno da doença, mas somente se o negócio já fizesse sentido para o investidor. Por isso, a Berkshire Hathaway, empresa fundada e liderada por Buffett, pode aproveitar o ensejo para ir às compras, tirando vantagem dos preços baixos e da visão a longo prazo.

Quem tem opiniões mais "febris" em relação à epidemia e seu efeito na bolsa de valores americana é o presidente Donald Trump. O republicano usou seu perfil oficial no Twitter para acusar a imprensa "fake news" de espalhar pânico acerca do coronavírus e da subsequente queda da bolsa de valores do país. 

O índice Dow Jones e o S&P 500, dois dos principais indicadores do mercado americano, retraíram 3% na última terça-feira, 25 de fevereiro. A Nasdaq caiu quase 4%.

Toda essa movimentação é uma clara resposta à emissão do comunicado do departamento de saúde americano alertando os americanos para se prepararem para o avanço da doença em território nacional. 

A posição do órgão governamental vai na contramão dos últimos comentários de Trump e seus pares, que garantem que tudo está sob controle. Em uma nota oficial, a Casa Branca alega que há "um esforço político da esquerda e de alguns canais midiáticos para distrair e perturbar o povo americano com retóricas de medo e intriga".

Para amenizar o temor popular e a variação do mercado, Trump convocou uma coletiva de imprensa nesta sexta-feira, 26 de fevereiro, no período da tarde. Diretores do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA também estarão presentes.

"Virar o jogo" em Wall Street é fundamental para o presidente americano, que busca sua reeleição. Os dados econômicos de seu governo são o grande trunfo para Trump garantir mais quatro anos na Casa Branca.

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