Depois de se tornar a maior fabricante de eletroeletrônicos do mundo, sendo responsável por montar a maioria dos iPhones consumidos globalmente, a Foxconn quer se transformar num dos principais players do mercado de carros elétricos.

O primeiro passo foi dado nesta quarta-feira, 7 de maio, com o acordo firmado com a Mitsubishi para desenvolver um veículo elétrico em conjunto com a montadora japonesa.

O memorando de entendimentos (MoU, na sigla em inglês) prevê que a Foxtron Vehicle Technologies, braço automotivo da Foxconn, vai desenhar e fabricar um primeiro modelo, destinado aos mercados da Austrália e Nova Zelândia. A expectativa é de que ele fique pronto no segundo semestre de 2026, com as unidades sendo produzidas em Taiwan.

Até agora, a Mitsubishi estava focada em desenvolver carros híbridos, que possuem um motor elétrico e outro a combustão. Mas assim como outras montadoras tradicionais, a companhia sente a pressão das empresas chinesas, pioneiras em carros elétricos, com veículos com bastante tecnologia embarcada e preços atrativos.

Para lidar com essa concorrência, a Mitsubishi decidiu subverter a atuação da indústria automobilística, em que a produção era mantida internamente por ser vista como um diferencial competitivo.

A Foxconn está desde 2019 trabalhando para entrar no mercado de veículos elétricos. A empresa optou por utilizar plataformas e componentes padronizados para acelerar sua chegada a este mercado, segundo o jornal Financial Times.

Sua chegada ao mundo dos veículos elétricos é parte de uma estratégia de longo prazo de diversificar sua atuação para além da fabricação de iPhones e PlayStation. A estratégia ganhou urgência após Donald Trump elevar as tarifas de importação para forçar a produção de eletrônicos e outros produtos nos Estados Unidos.

No fim do ano passado, o jornal The Wall Street Journal apurou que a Foxconn estava interessada em comprar a participação da Renault na Nissan, na ocasião na casa dos 36%. O objetivo era incorporar a expertise técnica da montadora japonesa, que estava deixando a aliança que tinha com a francesa.

A Foxconn chegou a apresentar alguns carros conceitos, entre eles o chamado Model B, cujo design foi assinado pela Pininfarina, escritório de design italiano que já fez projetos para a Ferrari e a Rolls Royce. Nenhum deles, porém, chegou a ser produzido em escala.

Na segunda-feira, 5 de maio, a Foxconn divulgou que a receita nos primeiros quatro meses do ano subiu 24,5%, na comparação com o mesmo período do ano passado, para 2,3 trilhões de novos dólares taiwaneses (US$ 76,3 bilhões).

É o melhor valor para o período de sua história, segundo a companhia, graças à inteligência artificial (IA). Segundo a Foxconn, a parte de computação em nuvem é o destaque neste ano, com muitas empresas acelerando suas encomendas.