A Veloe e a Vibra estão “ligando os motores” da parceria que as duas companhias anunciaram no começo de janeiro deste ano, prevendo uma plataforma integrada para transportadores que utilizam a rede de postos da Vibra/Petrobras.
Com o aplicativo batizado de Frota+, os clientes da Veloe terão acesso a preços diferenciados de combustível, o que deve impulsionar o crescimento da empresa ao longo dos próximos dois anos.
"A nossa expectativa é que, ao final de dois anos, essa parceria movimente um volume mensal de R$ 100 milhões", diz André Turquetto, diretor-geral da Veloe, em entrevista ao NeoFeed.
De acordo com o executivo, 100% dos postos rodoviários e 90% dos postos urbanos da Vibra já estão credenciados e prontos para que possam usar a rede de postos para abastecer.
A parceria com a Vibra é uma das estratégias para o plano da Veloe de atingir um faturamento de R$ 8,5 bilhões em 2025 – no ano passado, a receita foi de R$ 6,6 bilhões, um crescimento de 22%.
Desse resultado, a gestão de frotas é um dos principais motores de crescimento da Veloe. Atualmente, essa área representa 70% do faturamento da empresa, indo além das tags de pedágios, incluindo abastecimento, telemetria, roteirização e gestão de manutenção.
São 6,9 mil clientes pessoa jurídica que usam a solução de frota da Veloe. "Nosso negócio de gestão de frotas já é lucrativo, e a parceria com a Vibra fortalece nossa atuação no setor de transportes", diz Turquetto.
Trata-se de um mercado endereçável muito grande. Segundo dados da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), há mais de 300 mil empresas autorizadas, com uma frota superior a 1,7 milhão de veículos.
Além disso, os principais concorrentes da Veloe nessa área contam com parcerias com outras redes de postos de combustíveis. Os clientes da Sem Parar, por exemplo, podem abastecer em postos Shell, e os da ConectCar, nos postos Ipiranga.
A área voltada a tags para pessoas físicas também deve crescer. Hoje, Turquetto diz que a Veloe conta com mais de 3 milhões de tags instaladas em carros. De acordo com dados da Associação Brasileira das Empresas de Pagamento Automático para Mobilidade (Abepam), o Brasil atingiu 15 milhões de tags ativas em abril de 2025.
A Veloe tem crescido nessa área por meio de parcerias no modelo de white label. Atualmente, a empresa conta com mais de 20 parceiros, incluindo C6 Bank, Banrisul, Banco do Brasil e Bradesco.
Na visão de Turquetto, que também é presidente da Abepam, a expectativa é que o mercado seja impulsionado pela adoção do modelo free flow e pela nova regulamentação do vale-pedágio obrigatório, que exige pagamento via dispositivos eletrônicos.
"O free flow traz mais controle e reduz fraudes. É uma inovação que beneficia tanto as concessionárias quanto os transportadores", afirma o diretor-geral da Veloe.
Apesar disso, o modelo free flow, que é um sistema de pedágio eletrônico que dispensa cancelas para pagamento, tem sido alvo de políticos e do Ministério Público, que tentam suspender as cobranças de multas nos locais onde já foi instalado, alegando falta de informações – o que tem sido rebatido por concessionárias rodoviárias.
No Congresso Nacional, por exemplo, o Projeto de Lei 3.262/2024, de autoria do deputado federal Hugo Leal (PSD-RJ), propõe que, no período em que o modelo está em teste, as multas por pagamento fora do prazo deveriam ser retiradas dos motoristas.
Leal usa como base para seu projeto de lei a inadimplência no primeiro pedágio desse modelo implantado, na BR-101/RJ, em 2023, pela Motiva, concessão da CCR RioSP. De acordo com o deputado, mais de 1,2 milhão de multas foram emitidas a motoristas que não pagaram o pedágio no prazo.