Da origem nos pedágios, os sistemas de pagamento automático, as chamadas tags, alcançaram espaços como estacionamentos, shoppings e aeroportos. Essa expansão teve como motor a chegada de players dispostos a desafiar o domínio da Sem Parar, que, por muitos anos, teve pista livre no setor.

Com o mercado cada vez mais concorrido, a ConectCar, empresa que tem o Itaú Unibanco e a Porto como sócios, está buscando caminhos alternativos para avançar nessa disputa. E, nesse trajeto, acaba de adicionar uma nova cancela ao seu portfólio: os condomínios residenciais.

“Hoje, o mercado brasileiro tem cerca de 60 milhões de veículos e aproximadamente 11 milhões de tags distribuídas”, afirma Eduardo Vasconcelos, CEO da ConectCar, ao NeoFeed. “Ou seja, mesmo com mais concorrentes, a penetração não chega a 20%. A oportunidade ainda é gigantesca.”

A estreia em condomínios residenciais é a aposta mais recente da ConectCar em direção à meta de encerrar 2023 com 3 milhões de tags ativas em sua base. Atualmente, a operação tem cerca de 2,7 milhões de usuários.

Para não partir do zero nessa estratégia, a companhia está pegando carona em uma parceria com a DeltaOmega, empresa que atua há 30 anos com a oferta de serviços como portaria e segurança patrimonial para esse segmento.

A partir do acordo, a ConectCar ganha acesso a uma carteira de 340 condomínios residenciais, com aproximadamente 30 mil moradores e presença prioritária na cidade de São Paulo, além da região da Baixada Santista. Segundo Vasconcelos, a parceria tem fôlego, porém, para chegar a outras praças.

“Vamos começar por São Paulo, mas a ideia é expandir rapidamente para outros mercados que já têm mais aderência a esse serviço, como Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul”, observa. “E a parceria com a Delta não tem exclusividade. Podemos fechar outros acordos.”

Nos termos dessa primeira investida, a ConectCar irá fornecer a infraestrutura e a tecnologia, enquanto a DeltaOmega responderá pela ponta comercial e a instalação dos projetos. Para ter acesso ao sistema, gratuitamente, o morador só precisará cadastrar e ativar sua tag na plataforma da parceira.

A ConectCar enxerga nesse modelo uma porta de entrada para a conversão de novos clientes. A empresa ainda está definindo como irá abordar esses usuários, mas o principal fator de atração é dar acesso, com suas tags, a 100% das rodovias pedagiadas e mais de mil estacionamentos no País.

Nesse caso, os usuários têm dois modelos disponíveis de contratação. O primeiro, mais voltado a quem usa esses serviços com mais frequência, envolve um plano mensal de R$ 17,90. Na segunda opção, sem mensalidade, o cliente faz recargas de acordo com a sua necessidade.

No caminho para acelerar sua presença nesse espaço, a ConectCar vai encontrar, porém, uma velha conhecida. A Sem Parar estreou em condomínios residenciais em São Paulo e, nesse ano, começou a dar mais velocidade a essa frente nas demais regiões do País.

A ConectCar tem uma base de 2,7 milhões de tags ativas

Em outras cancelas e serviços de mobilidade prestados a partir das tags, a competição inclui ainda a Edenred, dona da Ticket, que assumiu o controle da Greenpass, em 2022, e nomes como a Veloe, operação do grupo Elopar, controlado por Banco do Brasil e Bradesco.

Nesse cenário, a ConectCar vem buscando fortalecer outros formatos em seu portfólio. Uma dessas frentes é o modelo white label, no qual outras empresas usam sua infraestrutura para ofertarem tags com suas marcas. São os casos dos próprios sócios da operação, Itaú e Porto, e de companhias como Stellantis, Localiza e Mercado Pago.

“Ainda estamos engatinhando, mas esse formato está alavancando cada vez mais as nossas vendas”, diz. “Outro segmento que sempre foi deixado um pouco de lado na empresa e que estamos reforçando são os clientes PJ, que hoje respondem por uma faixa de apenas 5% a 10% da nossa operação.”

No médio prazo, porém, a grande aposta da ConectCar e do setor reside no modelo de “free flow”, em que os carros vão pagar por quilômetro rodado sem precisar parar em praças de pedágio. As tags serão essenciais nesse formato, que já está sendo testado em rodovias como a BR 101, que liga o Rio a Santos.

“Já existe um forte arcabouço do governo pedindo para que todas as novas concessões incluam, em até cinco anos, o free flow”, afirma Vasconcelos. “Com esse modelo maduro, nesse prazo, nossa estimativa é que o mercado salte para uma participação entre 60% e 70% da frota total no País.”