Mark Zuckerberg não está medindo esforços, nem recursos, para colocar a Meta na liderança da nova corrida tecnológica da inteligência artificial. Após investir US$ 14,3 bilhões na Scale AI e contratar seu fundador, Alexander Wang, o executivo agora negocia a chegada de dois nomes de peso do Vale do Silício: Nat Friedman, ex-CEO do GitHub, e Daniel Gross, cofundador da Safe Superintelligence.

Segundo apurou o portal americano The Information, ambos devem assumir papéis estratégicos dentro da Meta, com foco no desenvolvimento de produtos e na formulação de políticas de inteligência artificial.

A companhia também está em conversas para adquirir uma participação no NFDG, fundo de venture capital fundado pela dupla e que mantém investimentos em algumas das startups mais promissoras do setor.

Se a negociação se concretizar, Gross deixará a Safe Superintelligence. Ele fundou a startup, que ainda não lançou produtos, em 2023, ao lado de Ilya Sutskever, cofundador da OpenAI.

A Safe Superintelligence nasceu com a proposta de desenvolver uma IA de ponta, mas sem as pressões comerciais de curto prazo. Recentemente, levantou US$ 2 bilhões com aportes de gigantes como Sequoia Capital, Andreessen Horowitz, Lightspeed e Greenoaks, com seu valor de mercado estimado em US$ 32 bilhões.

Agora, Zuckerberg quer Gross e Friedman ao lado de Wang na chamada "equipe M", o grupo restrito de liderança da Meta.

Friedman, que já atuava como conselheiro informal, havia recusado um convite anterior para liderar os esforços de IA da empresa, mas agora topou integrar o time. Ambos devem se reportar diretamente a Wang, que vai responder pelo desenvolvimento da unidade de “superinteligência” da Meta.

Os valores do acordo não foram revelados. No entanto, segundo fontes, a fatia a ser adquirida pode ultrapassar US$ 1 bilhão. Trata-se de mais uma peça no quebra-cabeça que Zuckerberg vem montando: uma ofensiva que combina dinheiro, nomes estrelados e acesso a ativos estratégicos para recuperar o terreno perdido na corrida da IA.

Esse movimento também escancara um traço histórico da Meta: o de avançar mais pela via das aquisições e da "cópia" do que pela inovação. Foi assim com o Instagram, comprado em 2012, o WhatsApp, adquirido dois anos depois, e com o Reels, lançado como resposta direta ao TikTok. Agora, na IA, a fórmula se repete — e com cifras cada vez mais altas.

Para atrair talentos, a Meta tem oferecido pacotes de remuneração milionários. De acordo com o CEO da OpenAI, Sam Altman, alguns profissionais da companhia receberam propostas da rival com bônus de contratação na casa dos US$ 100 milhões.

“Estou muito feliz que, pelo menos até agora, nenhum dos nossos melhores profissionais decidiu aceitar isso”, disse Altman no podcast Uncapped. “Ouvi dizer que a Meta nos vê como seu maior concorrente”.

Internamente, a Meta também tem enfrentado desafios. O lançamento do Llama 4, seu modelo de linguagem de IA, foi adiado após resultados abaixo do esperado em quesitos técnicos. Quando a empresa finalmente apresentou as primeiras versões, em abril, foi criticada por ter submetido aos rankings públicos uma versão experimental que teve desempenho superior ao modelo lançado para o público. Desde então, o cronograma da Meta para versões mais avançadas foi postergado.

Em paralelo, a companhia reestruturou seu grupo de IA generativa, separando as áreas de pesquisa e de produto. A chegada de Wang foi o primeiro grande movimento dessa nova fase. Agora, com Friedman e Gross, a Meta tenta fechar o tripé de sua nova elite em inteligência artificial.

Zuckerberg parece disposto a fazer o que for preciso para garantir que a Meta não fique novamente para trás, inclusive abrir ainda mais o cofre.