Grupo fundado em 2021 por ex-executivos da DPZ&T, a Galeria.Holding tem feito jus ao seu nome com a criação de empresas que estende sua exposição a diversas ramificações da publicidade e da comunicação. E acaba de ampliar esse catálogo.
Após um período de incubação de pouco mais de seis meses, a holding está lançando a GAIA. Décima peça no portfólio do grupo, a empresa se conecta com duas correntes que, nos dias de hoje, estão cada vez mais em destaque na vitrine de qualquer companhia ou segmento da economia.
“A GAIA nasce com uma visão complementar ao que a Galeria faz em projetos que envolvam inteligência artificial e uso de dados”, diz Eduardo Simon, cofundador e chairman da Galeria.Holding, ao NeoFeed. “É uma empresa de especialistas, com visão de produto, diferentemente da Galeria, que é mais centrada em serviços.”
O projeto já vinha tomando forma há mais de um ano a partir da ideia de criar um hub de inteligência artificial (IA) da holding. Mas começou a ganhar corpo, de fato, no fim de 2024, quando Simon convidou André Popoutchi para estruturar e liderar a nova empreitada.
Popoucthi foi um dos fundadores da Dr. Jones, marca masculina de produtos de beleza comprada pelo Grupo Boticário, em 2022. Ele deixou a empresa no início de 2024 para um período sabático, que incluiu visitas ao Vale do Silício e um mergulho nas tendências de tecnologia. A principal delas, claro, a IA.
“Na Dr. Jones, eu já tinha um desafio grande de lidar com tantos dados e dar escala à personalização na comunicação”, diz Popoutchi. “E esses vão ser os principais papéis da IA. Ela permite, por exemplo, que a gente crie mil, duas mil, três mil peças, ou analise milhares de vídeos, em questão de horas.”
A fase de gestação da GAIA foi usada para testar e refinar essa tese, em um processo que incluiu projetos com clientes “da casa” e fora dos limites da holding. E que rendeu um portfólio inicial de três produtos com os quais a empresa é lançada agora oficialmente.
O carro-chefe da companhia nessa largada é a CR.IA, plataforma de gestão, criação e automatização de peças publicitárias baseada em dados. E que resume bem o “cartão de visitas” da empresa em sua apresentação ao mercado.
Com o uso de IA e partindo de “chassis” previamente definidos em uma campanha, a ferramenta permite criar e adaptar peças em tempo real. Essas variações são alimentadas por fontes como o briefing da ação, os perfis diferenciados de audiência, a localização e o engajamento dos consumidores.
“A ideia não é entrar na criação conceitual, mas empoderar o criativo pra que ele se preocupe com o que realmente vai mudar o jogo”, diz Popoutchi. “O CR.IA faz a personalização em escala daquela campanha inicial, com novas peças e velocidade, o que abre infinitas opções e a um custo mais acessível.”
Além da possibilidade de “testar e aprender” e da agilidade na entrega prometidas nesse processo, a plataforma traz insights sobre o que teve um bom desempenho e o que não funcionou em cada etapa da campanha, em um leque que inclui desde mídia programática e redes sociais até mídia out of home.
Empresas como Natura, McDonald’s e TotalPass, que já eram clientes da holding, são alguns dos nomes que já usaram o produto. Assim como outras companhias que ainda não trabalhavam com o grupo. Casos da Embracon e do iCarros, plataforma online de compra e venda de automóveis do Itaú Unibanco.
A plataforma foi usada, por exemplo, nas campanhas do Feirão do iCarros e do McDonald’s na Black Friday. E, na soma dessas ações, esteve por trás da produção de mais de três mil peças personalizadas em menos de 48 horas.
O McDonald’s também adotou um segundo produto da GAIA, o BrandSync. Com essa ferramenta, redes de franquias conseguem monitorar, também em tempo real, as postagens e comunicações dos perfis de seus franqueados nas redes sociais.
“Nós treinamos a IA e ela tem a capacidade de analisar fotos, vídeos e textos e compreender se aquilo está de acordo ou não com o brand guide daquela marca”, diz o CEO da GAIA. “São centenas de milhares de postagens, o que exigiria um exército de pessoas e bastante suscetível ao erro.”
O terceiro produto nessa prateleira é o GAIA BOT, robô treinado para interagir com consumidores em espaços como lojas e eventos. E que, a partir dessa comunicação, também colhe dados e insights para as marcas. Seara e Bauducco são alguns dos clientes que já entraram nessa “conversa”.
Outras marcas também já embarcaram nesse diálogo com a GAIA, que nasce com uma equipe dedicada de 10 profissionais – boa parte deles desenvolvedores, engenheiros e cientistas de dados – e uma carteira de 10 clientes, que inclui ainda nomes como Vibra e Verisure.
Ainda em seus primeiros passos, a empresa projeta alcançar um faturamento de R$ 6 milhões nesse segundo semestre de 2025, além de mais do que dobrar essa base de clientes. E, para isso, a companhia não vai se limitar a buscar as marcas que já trabalham com a holding.
“Já temos essa porta aberta com grandes clientes, o que facilita essa conversa, e podemos, sim, atender as empresas aqui da holding, desde que faça sentido”, diz Popoutchi. “Mas temos total autonomia e suporte para acelerar esse crescimento com outras companhias e, eventualmente, até concorrentes.”