Um agente de inteligência artificial chamado IAGO virou peça central na estratégia de crescimento do Mercado Bitcoin. Criado para automatizar o atendimento ao cliente, ele evoluiu para uma função mais ambiciosa: atuar como um assessor digital de investimentos e sugerir aplicações.

Segundo Fabrício Tota, vice-presidente de novos negócios da empresa, a versão comercial do IAGO (a união das iniciais de inteligência artificial e a palavra "go", que significa ir em inglês) já projeta um potencial de cerca de R$ 10 milhões por ano em novas receitas.

Com mais de 300 ofertas na prateleira da empresa, Tota argumenta que esse tipo de análise seria difícil de executar manualmente. A IA, então, ajuda a organizar o caos e, muitas vezes, a identificar oportunidades que passariam despercebidas.

“Ele analisa o perfil do cliente, identifica ativos compatíveis e sugere alocações. É assertivo, motivado e, diferente de um humano, não esquece nada, nem perde tempo”, afirma o executivo, em entrevista ao programa Revolução IA, do NeoFeed, que tem apoio do Magalu Cloud.

A iniciativa surgiu a partir da versão anterior do agente, usada para atendimento automatizado. O agente foi treinado para apoiar vendedores humanos, sugerindo produtos, comparando ativos, cruzando dados de prazos, taxas, emissores e garantias.

Hoje, IAGO responde por 40% dos chamados resolvidos de ponta a ponta, sem intervenção humana. A meta é chegar a 80% até o fim de 2025, o que representaria uma economia anual de mais de R$ 2 milhões, ao reduzir a necessidade de expansão das equipes de suporte.

Toda a solução foi construída dentro de casa, com apoio apenas dos modelos de base, para manter alto nível de segurança. “Segurança no mundo cripto é essencial porque uma pequena falha pode comprometer um montante significativo de recursos”, diz Tota.

Ganho de escala

O plano da empresa, no entanto, vai além da automação de processos. O Mercado Bitcoin aposta no uso de IA como alavanca para um de seus mercados mais promissores: a tokenização de ativos de renda fixa. Ainda incipiente, esse segmento já representa entre 10% e 20% do negócio, mas tem potencial de escalar rapidamente com ajuda da IA.

“É uma venda mais complexa, com tíquetes altos e mais dúvidas por parte do investidor. Um agente inteligente pode dar escala sem comprometer a qualidade”, afirma o vice-presidente de novos negócios do Mercado Bitcoin.

Olhando para o futuro, o vice-presidente de novos negócios aposta no uso de agentes autônomos que operam de forma independente, com autorização prévia dos usuários, para tomar decisões, contratar serviços, realizar pagamentos e até criar soluções próprias. Porém, para que esse cenário seja viável, pondera que o ecossistema precisa de um sistema de pagamentos compatível. Na sua visão, o blockchain.

“Esses agentes não terão conta em banco. Eles vão se movimentar por meio de stablecoins, tokens ou moedas próprias, usando carteiras digitais. O blockchain é a linguagem que eles entendem”, diz Tota.

O executivo prevê a ascensão de uma economia de agentes, em que algoritmos especializados se remuneram, interagem e constroem valor sem intervenção humana.

“A IA é a inteligência. O cripto é a infraestrutura. Juntas, essas tecnologias formam os blocos de uma nova arquitetura econômica”, diz ele.