A Legend Capital tem no seu DNA parte da história do mercado financeiro. Criada por Sergio Eraldo Salles, que ajudou a fundar a Crescera Capital (antiga Bozano Investimentos), a boutique de investimentos, que nasceu em 2020 e foi plugada ao BTG Pactual, sempre preferiu o caminho analógico para atrair investidores.

“Durante três anos eu resisti à ideia de que o digital poderia trazer clientes para o private, um público tido como low profile. Estava errado. Nos últimos oito meses, passamos a receber dois leads por semana pelo site ou pelo Instagram”, diz Pedro Salles, sócio-fundador da Legend.

Mirando clientes private e grandes fortunas, a casa que tem entre seus sócios Roberto Justus, vai "pescar" no universo digital. Para isso, fechou uma parceria para percorrer a avenida de crescimento aberta pelo Market Makers.

Assim como outros criadores de conteúdo que vão formando uma comunidade de finanças, o Market Makers percebeu que sua audiência queria algo a mais do que dicas de como investir em ações. Assim, foi criada há poucos meses um braço de wealth que chegou a reunir R$ 19 milhões sob consultoria. Mas logo se viu que seria necessário um ecossistema mais completo para esse negócio decolar.

“Nossos assinantes já tinham acesso a assessorias e buscavam algo a mais. Não fazia sentido tentarmos estruturar tudo sozinhos, porque nossa vocação está no conteúdo e na renda variável. Ao conhecer o pessoal da Legend, vimos que eles tinham o que a gente buscava e um plano muito maior”, afirma Josué Guedes Neves, sócio do Market Makers.

Com a parceria, os clientes já captados pelo Market Makers passam a ser atendidos pela Legend, que fica responsável pela gestão dos recursos, e amplia o alcance da assessoria para a captação de novos clientes, com tíquete médio entre R$ 1 milhão e R$ 10 milhões no modelo fee based.

Além disso, a parceria permitirá que assinantes dos serviços e eventos, além de ouvintes do Market Makers, tenham acesso à mesma inteligência de gestão patrimonial disponível aos grandes investidores da Legend. A empresa de conteúdo recebe um percentual por cada indicação.

legend e market makers
Thiago Salomão, do Market Makers, Roberto Justus e Pedro Salles, da Legend, e Josué Guedes Neves, do Market Makers

O canal do Youtube do Market Makers possui cerca de 550 mil seguidores, no instagram são 152 mil e, segundo a empresa, grande parte da audiência são de investidores com mais de 35 anos, mais de cinco anos de experiência em investimentos - sendo que muitos detêm patrimônio milionário.

O movimento marca a entrada do Market Makers no mercado financeiro, que também está reforçando o seu braço em educação financeira e abrindo outras frentes de conteúdo.

Além do M3 Club, comunidade que reúne investidores que buscam se aprofundar em análises de empresas e trocar experiências em eventos presenciais e digitais, a empresa lança o Market Makers Academy, que oferecerá cursos avulsos ministrados por gestores de mercado. E também amplia seu portfólio de conteúdos com o Second Level, podcast de entrevistas one-on-one com grandes investidores, e o Sports Market Makers, projeto que conecta finanças e futebol.

“Estamos amadurecendo. Nosso papel é educar e formar comunidade. Com a Legend, fechamos a lacuna patrimonial e oferecemos ao investidor um ecossistema completo”, diz Neves.

A estratégia digital já é usada há alguns anos por grandes players do mercado de assessoria, em especial a EQI, pioneira nesta vertente no varejo criando seus próprios conteúdos. Mais recentemente, os grandes influenciadores digitais estão usando esse poder para apostarem no mercado financeiro, como o caso do grupo Primo.

A Legend, agora, usará essa estratégia como uma nova frente para conseguir atingir a sua  meta de R$ 50 bilhões até o fim do ano. Hoje, a empresa está com R$ 38 bilhões sob gestão – somando recursos próprios e da joint venture SPA Gestão de Patrimônio.

Mas para chegar lá, Salles afirma que fusões e aquisições estão no radar. “É um setor que vai se consolidar rapidamente. Quem enxergar wealth management apenas como produto vai ficar para trás."

"É um business de serviço e confiança, cada vez mais apoiado em tecnologia e inteligência artificial. E a formação de uma comunidade na internet dá uma base a tudo isso”, diz o sócio-fundador da Legend.