O bilionário investidor George Soros tem um plano para salvar a União Europeia da pandemia do coronavírus: a emissão de dívidas que nunca precisariam ser pagas, como forma de financiar os custos da crise da Covid-19.

Como a União Europeia (EU) enfrenta a mais profunda crise econômica desde a Grande Depressão, em 1929, Soros acredita que o grupo de 27 países deveria emitir "títulos perpétuos", o que significa que o valor principal nunca seria reembolsado, apenas os pagamentos anuais de juros.

“Um título de 1 trilhão de euros custaria 5 bilhões de euros por ano, assumindo uma taxa de juros de 0,5%. Eles poderiam ser emitidos em parcelas e seriam comprados por investidores de longo prazo, como companhias de seguros de vida”, disse Soros, em entrevista ao jornal holandês De Telegraaf, publicado na sexta-feira, 22 de maio.

Soros, de 89 anos, disse que os títulos perpétuos, que, no passado, foram usados pelos britânicos para financiar guerras contra Napoleão, permitiriam que a União Europeia sobrevivesse.

“Se a UE não puder considerar isso agora, talvez não consiga sobreviver aos desafios que enfrenta atualmente”, disse Soros, cuja fortuna é estimada em US$ 8,3 bilhões. “Esta não é uma possibilidade teórica e pode ser a realidade trágica.”

Soros é conhecido por destinar boa parte de sua fortuna conquistada no mercado financeiro ao ativismo político e a causas liberais e ligadas aos direitos humanos.

Mas, ao mesmo tempo, é um dos principais alvos de políticos e militantes conservadores em todo o mundo, que o consideram “comunista” por conta desse ativismo.

Nascido na Hungria, mas radicado nos Estados Unidos, Soros ficou mundialmente conhecido em 16 de setembro de 1992, quando teria lucrado US$ 1 bilhão ao apostar na desvalorização da libra esterlina.

O episódio ficou conhecido como “Quarta-feira negra”. Na ocasião, Soros ganhou a fama de ter quebrado o Banco da Inglaterra.

Divergências

A UE não chegou ainda a um acordo sobre a melhor maneira de lidar com o choque causado pelo coronavírus. A economia da região deverá contrair mais de 7% este ano. Mas como os países têm dívidas muito diferentes, os membros entraram em conflito sobre se o estímulo financeiro deve ser feito por meio de empréstimos ou títulos.

A Alemanha e a França, as duas maiores economias do euro, anunciaram segunda-feira, 18 de maio, uma proposta que pode levar a UE a emitir grandes quantidades de dívida para mitigar a crise.

Os dois países disseram que a Comissão Europeia, o braço executivo da UE, deveria arrecadar 500 bilhões de euros em mercados públicos. Esse dinheiro seria usado como subsídio para setores e regiões onde o impacto do coronavírus foi mais acentuado.

A alocação desses fundos seria feita através do orçamento europeu, que recebe contribuições de todos os 27 países membros e que financia projetos em toda a região. A Comissão Europeia anunciará mais detalhes sobre novos estímulos fiscais na próxima semana.

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