Quem visita o décimo andar do pomposo edifício Pátio Victor Malzoni, na avenida Faria Lima, o coração financeiro de São Paulo, se depara com uma cena curiosa. De um lado do andar, funciona a casa de análises Empiricus. Do outro, é a sede do banco BTG Pactual.
Até hoje, a empresa fundada por Felipe Miranda pagava aluguel para usar metade do andar que pertence ao banco de André Esteves. Mas, em breve, isso deverá mudar e a Empiricus não será uma mera inquilina.
O BTG Pactual acaba de anunciar a compra de 100% da Universa, holding que reúne a Empiricus, a gestora Vitreo, os sites Money Times e Seu Dinheiro, e o consolidador de carteiras Real Valor.
O negócio foi antecipado pelo NeoFeed no dia 19 de maio e confirmado hoje em fato relevante emitido pelo BTG Pactual. Ao longo da última semana, as duas empresas vinham negociando as questões contratuais.
Pelo acordado, os sócios da Universa receberão R$ 440 milhões à vista e R$ 250 milhões em ações do BTG Pactual. Além disso, em até quatro anos, se atingirem as metas operacionais e financeiras estabelecidas, terão um earn-out que, segundo fontes relataram ao NeoFeed, pode fazer o negócio atingir mais de R$ 2 bilhões.
O NeoFeed apurou que o negócio foi anunciado para todos os funcionários da Empiricus e Vitreo pelo Zoom na noite do domingo, 30 de maio. Os sócios da Empiricus continuam na operação e se tornam sócios do BTG Pactual. Os da Vitreo, com exceção de George Wachsmann, o Jojo, atual CIO da companhia, sairão quando o Banco Central aprovar a operação.
Até a aquisição do BTG Pactual, a divisão societária da holding era a seguinte: os sócios da Empiricus contavam com 63% do grupo e os da Vitreo com 37% das ações. A Empiricus tem 425 mil assinantes de relatórios e a Vitreo hoje está com mais de R$ 11 bilhões sob custódia. Em abril, de acordo com Similarweb, o site MoneyTimes anotou 10,6 milhões de visitas e o SeuDinheiro, 2 milhões.
Criada por Felipe Miranda ao lado de Caio Mesquita e Rodolfo Amstalden, a Empiricus se tornou uma das maiores casas de análise do País. A Vitreo, fundada em outubro de 2018, tem como os principais acionistas Patrick O’Grady, Paulo Lemann, Sérgio Campos e Alexandre Aoude.
Apesar de O’Grady ter afirmado que a gestora vem crescendo sua captação a uma média de 12% ao mês, o negócio que chamou mais a atenção do BTG Pactual foi a Empiricus, que tem o poder de turbinar ainda mais o seu negócio no varejo financeiro, uma área que se tornou a menina dos olhos do CEO, Roberto Sallouti, e de André Esteves.
O BTG tem atraído escritórios de agentes autônomos para encorpar a sua plataforma, numa guerra que tem feito a XP se mexer. Ontem, inclusive, a empresa de Guilherme Benchimol, anunciou, pela primeira vez, uma sociedade com o escritório de agentes autônomos Messem, uma prática que vinha sendo adotada exclusivamente pelo BTG.
A Empiricus, com o seu poder de recomendação, pode levar muitos investidores para a plataforma do BTG e também agregar serviços aos clientes do BTG+, o banco digital de varejo do grupo financeiro.
Nos últimos meses, segundo o NeoFeed apurou, o grupo Universa conversou com vários players. Bancos digitais, fundos de private equity e até mesmo o Softbank analisaram a empresa. No fim, Santander fez uma proposta por uma fatia minoritária e o BTG entrou com apetite de comprar tudo.
Na semana passada, o BTG anunciou que pretende fazer um novo follow on. Com isso, o banco pretende captar R$ 3 bilhões para manter a sua máquina de aquisições a todo vapor.
Além da compra do grupo Universa, a instituição financeira comprou recentemente o controle do Banco Pan e, nos últimos meses, trouxe os escritórios de agentes autônomos EQI, Lifetime, Arton Advisors e Acqua-Vero. Quem vai parar essa locomotiva?