Em abril deste ano, o executivo Marcos Magalhães assumiu o comando do Banco BS2 com duas missões: trazer mais governança para a instituição financeira da família Pentagna Guimarães e azeitar o modelo de negócios do banco. A primeira parte de seu trabalho começa a sair do papel.
O BS2 está anunciando Marcos Grodetzky como novo presidente do Conselho de Administração do banco substituindo a Paulo Henrique Pentagna Guimarães, o fundador do BS2. Grodetzky, executivo com vasta experiência no mercado financeiro, é atualmente presidente do conselho do Burger King e é vice-presidente do conselho da Oi.
Além de Grodetzky, o próprio Magalhães e o israelense Simcha Neumark, fundador da fintech Weel, comprada recentemente pelo BS2, integrarão o board. Antes o conselho era formado apenas por membros da família acionista e não tinha uma agenda pré-definida. “Se reunia no calor do momento”, diz Magalhães ao NeoFeed. “Agora teremos uma reunião por mês.”
Os três conselheiros se juntam a Paulo Henrique, Gabriel, André e João Pentagna Guimarães, da família controladora. Mais do que uma mudança de cadeiras, a chegada dos novos conselheiros, que ainda depende da aprovação do Banco Central, servirá para trazer uma nova dinâmica interna e ajudará na imagem externa. “Os novos conselheiros têm know how e background no mercado PJ”, diz Magalhães, que já foi presidente da Rede.
Apesar de Magalhães não dizer isso com todas as letras, a formação do novo board também é, de certa forma, um chamariz para trazer investidores ao banco. “O advento natural da expansão passa por um aporte de capital”, afirma ele. O executivo diz que isso deverá acontecer nos próximos semestres. E isso é mais do que necessário para entrar na briga que o BS2 escolheu: a disputa pelos clientes PJ.
Hoje, o patrimônio líquido do banco está na casa dos R$ 600 milhões. Não é pequeno, mas, para disputar mercado com os grandes bancos e as fintechs que estão chegando com alto grau de capitalização, não é o suficiente para escalar. “Eles precisam de muito mais dinheiro para brigar com essa turma”, diz um banqueiro com o qual o NeoFeed conversou.
A guinada para o mercado PJ é vista com bons olhos. No segmento de pessoa física, é preciso muito mais funding para ganhar tração. E essa é uma guerra na qual bancos digitais como Inter, C6, Original e fintechs como Nunank e Neon têm “milhões de clientes de vantagem”. O Inter, por exemplo, conta com mais de 12 milhões de correntistas. O Nubank já ultrapassou a barreira dos 40 milhões de clientes.
O BS2 conta com 750 mil clientes pessoas físicas e 150 mil pessoas jurídicas. Indagado sobre os próximos passos no segmento de pessoa física, Magalhães é claro em dizer que não centrará seus esforços nisso, podendo fazer parcerias com outras instituições ou até mesmo fazer desinvestimentos nessa área.
Na área PJ, onde conta com 50 mil correntistas, a meta é aumentar a carteira de crédito, hoje em quase R$ 6 bilhões, e oferecer mais produtos. Hoje, 90% do crédito está centrado em recebíveis de cartão. A compra da fintech Weel, que trouxe o fundo Monashees e a gestora americana Franklin Templeton para a base de acionistas do banco, foi feita para trazer mais expertise ao BS2.
“Agora contamos com mais tecnologia e um eficiente motor de crédito”, diz Magalhães. Os 70 funcionários da Weel, que já originou R$ 1 bilhão em crédito para PJ, estão sendo integrados ao corpo de 700 pessoas do banco. Essa foi a primeira de algumas outras aquisições que o executivo está de olho. “Queremos complementar os serviços para o cliente PJ.”
O BS2 pretende se tornar o principal banco de crédito para empresas que faturam entre R$ 5 milhões e R$ 30 milhões. Para isso, além do desafio de oferecer uma experiência mais tecnologicamente amigável frente aos concorrentes, o banco se prepara para se plugar a uma rede de escritórios correspondentes em todo o Brasil. “Até o começo do ano que vem, 200 escritórios estarão trabalhando com o BS2”, diz Magalhães. Muitos deles são da época em que o grupo trabalhava com o crédito consignado.
O executivo evita fornecer os números e as metas que a instituição financeira pretende alcançar, mas diz que o sonho é grande. A competição também é. O cliente PJ é a menina dos olhos de grandes bancos e de fintechs. Recentemente, o Itaú lançou uma plataforma para focar nas PMEs e o BTG+ Business passou a avançar nesse nicho.
Bancos como Inter, C6 e Original e até o Nubank passaram a explorar esse nicho. Fintechs como Cora, Linker e Conta Simples também têm recebido aportes milionários para escalar. “Tem muita startup monoproduto no mercado e os bancos mais tradicionais estão dando mais atenção. Mas estamos no meio desses extremos. Somos uma operação com muitos produtos como os grandes bancos e temos a vantagem de ter flexibilidade e um ciclo de inovação muito mais curto”, diz Magalhães.