A sangria dos papéis do Alibaba na bolsa de valores motivou a companhia chinesa a ampliar seu programa de recompra de ações. Com previsão anterior de gastar US$ 15 bilhões, a companhia aumentou o valor para US$ 25 bilhões numa tentativa de acalmar o mercado.

A curto prazo, isso parece ter funcionado. As ações do Alibaba, listadas nos Estados Unidos com o símbolo BABA, fecharam esta terça-feira, 22 de março, com alta de 11%. Com isso, a empresa ganhou mais de US$ 30 bilhões em valor de mercado, fechando o dia avaliada em US$ 309 bilhões.

A justificativa para o aumento de 67% no valor de recompra foi descrita pelo Alibaba como “um sinal de confiança” de que a companhia continuará crescendo no futuro. A empresa também informou que o programa de recompra ficará em vigor até março de 2024.

Vale lembrar que esta é a segunda vez que a gigante de comércio eletrônico eleva o programa de recompra de ações no período de menos de um ano. A previsão inicial era desembolsar US$ 10 bilhões. O valor atual já é 150% maior do que o planejado ainda em 2021.

Do valor de US$ 25 bilhões, aliás, o Alibaba informa que já recomprou cerca de US$ 9,2 bilhões em American Depositary Receipts (ADRs), os recibos de ações de empresas não americanas emitidos e negociados nos Estados Unidos.

Há um clima de temor entre os investidores de empresas orientais com ações negociadas em bolsas americanas. A preocupação se dá por uma possível saída das empresas chinesas das bolsas dos Estados Unidos forçada, por órgãos reguladores locais. Isso poderia acontecer já em 2024.

O Alibaba vive um período delicado financeiramente. Os resultados do terceiro trimestre fiscal, encerrado em 31 de dezembro de 2021, apontaram para um crescimento de 10% na receita, para US$ 38 bilhões. Foi o menor avanço já registrado pela varejista desde que a empresa abriu capital na Nasdaq, em 2014, levantando US$ 25 bilhões na oferta.

Enquanto o governo chinês aprova leis que versam fortemente sobre o uso de informações sigilosas colhidas de usuários na China e tratam, principalmente, sobre a restrição do envio dessas informações para o exterior, a companhia fundada por Jack Ma também lida com um aumento da concorrência e com a desaceleração dos gastos dos consumidores em seu mercado local.

O movimento de recompra de ações do Alibaba não é isolado e nem uma novidade no mercado. Gigantes americanas da tecnologia como Alphabet e Microsoft, por exemplo, destinaram US$ 50 bilhões e US$ 60 bilhões, respectivamente, no ano passado, para planos de recompra.

Um levantamento do Goldman Sachs aponta que as empresas do S&P gastaram US$ 238 bilhões em planos de recompra de ações nos primeiros dois meses de 2022. De acordo com o banco americano, o valor total anual deve ter um aumento de 12% ante o ano passado e vai superar US$ 1 trilhão.

A ideia por trás do processo de recompra é diminuir o número de ações em circulação, o que aumenta os lucros dos papéis e agrada o mercado. Para que isso dê certo, é essencial que as empresas façam a recompra quando os preços em baixa.

Nem sempre, porém, isso dá certo. A Meta, que controla o Facebook, por exemplo, recomprou mais de US$ 19 bilhões em ações no quarto trimestre do ano passado, pouco antes dos papéis despencarem.