Em dezembro de 2021, o Banco Inter recuou no plano de listar suas ações na Nasdaq quando boa parte dos seus acionistas decidiu resgatar as ações em dinheiro, no lugar de convertê-las para o papel na bolsa americana. Na época, essa escolha que fez com que o limite de R$ 2 bilhões de cash out fosse excedido.

Pouco tempo depois, o banco voltou a costurar alternativas para tentar concretizar esse percurso. E, agora, acaba de receber a aprovação dos seus acionistas para seguir rumo ao mercado de capitais americano.

Em Assembleia Geral Extraordinária realizada na manhã desta quinta-feira, 12 de maio, uma nova proposta de reorganização societária e de migração de 100% dos papéis, com BDRs negociados na B3, teve o voto favorável dos detentores de mais de 85% das ações do banco em circulação presentes à reunião.

“Nós vencemos o passo que era o de maior incerteza e essa votação expressiva mostra um grande apoio dos investidores”, diz Alexandre Riccio, vice-presidente de operações, tecnologia e financeiro do Inter, ao NeoFeed.

“Agora, encerramos um ciclo de 5 anos, um IPO e 3 follow ons no Brasil”, observa. “E começamos uma história nova, no fim de junho, quando estivermos listados na Nasdaq.” Segundo executivo, a expectativa é de que isso aconteça entre os dias 20 e 25 de junho.

Depois desse sinal verde, os acionistas terão até 20 de maio para escolher entre as duas opções incluídas na proposta. A primeira delas envolve a troca das ações atuais por BDRs negociados na B3, que serão lastreados em ações de Classe A da Inter&Co listadas na Nasdaq.

A segunda opção inclui receber o valor das ações em dinheiro (cash out), com o resgate limitado a R$ 1,1 bilhão, montante que equivale a 10% dos papéis do banco em circulação. Essa alternativa estará disponível apenas para acionistas que tinham posições de ações em custódia em 15 de abril deste ano.

Caso o montante de R$ 1,1 bilhão do resgate seja excedido, será feito um rateio entre os acionistas que escolherem essa opção, com uma parcela em dinheiro e outra em BDRs.

De acordo com o Inter, o valor de troca das ações, de R$ 19,35 por unit – composto por uma ação ordinária e duas ações preferenciais do banco - foi definido com base na média ponderada dos últimos 30 dias de negociação antes do anúncio.

Os acionistas que não se manifestarem durante esse prazo irão receber, automaticamente, BDRs, assim como aqueles aqueles que compraram ações do banco depois de 15 de abril. Após o recebimento dos BDRs, será possível cancelá-los e transformá-los em ações Classe A listadas diretamente na bolsa americana.

Riccio entende que, da forma que a nova proposta foi desenhada, não há chances de um novo recuo do Inter nessa jornada até a Nasdaq.

“Caso o limite seja excedido, vamos ter o rateio. Então, não temos um motivo para acreditar que não vá acontecer”, afirma. “Agora, vamos estar mais bem posicionados, próximos dos nossos pares globais e acessando um mercado de capitais mais maduro e, ao mesmo tempo, mantendo o acesso dos investidores que nos acompanham desde 2018.”

Enquanto cumpre os ritos para fazer essa transição, o Inter está dando sequência ao plano para consolidar sua operação nos Estados Unidos, cujo passaporte foi a aquisição da fintech americana Usend, em agosto de 2019.

Com o plano de fechar 2022 com 1 milhão de usuários no país, o objetivo é oferecer um superapp naquele mercado nos mesmos moldes que o banco já faz aqui no Brasil. Esse processo, no entanto, será feito em etapas.

No momento, o aplicativo segue com a bandeira da Usend. Mas o Inter já prepara a virada para a sua marca entre o fim de 2022 e o início de 2023.

“Temos um roadmap de entregas e vamos começar com toda a parte de banking”, explica Riccio. “Depois, vamos seguir com cartão de crédito e encaixar a parte de investimentos e do Inter Shop.”