O Softbank resolveu seguir a mesma estratégia que algumas startups de seu portfólio estão adotando para preservar caixa: demitir.
Nesta quinta-feira, 29 de setembro, a companhia liderada por Masayoshi Son demitiu 150 pessoas globalmente, o que representa 26% da equipe. No mês passado, Son já havia indicado que teria de enxugar a equipe.
A América Latina não passou ilesa dos cortes. Na região, 10 pessoas foram demitidas. A equipe que comanda os investimentos latino-americanos, que tinha 53 pessoas, ficará agora com 43 pessoas.
Segundo apurou o NeoFeed, foram feitos cortes nos escritórios de São Paulo, Cidade de México e Miami do Softbank. A informação foi publicada em primeira mão pelo Pipeline, o site de negócios do Valor.
As demissões foram de equipe júnior e meio de carreira. Alex Szapiro e Juan Franck permanecem como managing partners do fundo na América Latina.
O anúncio dos cortes acontece na esteira de um prejuízo recorde de US$ 23 bilhões no segundo trimestre deste ano. A maior parte das perdas vem da desvalorização cambial do iene frente ao dólar e das quedas vertiginosas de ações de empresas investidas pelo grupo.
De certa forma, os cortes não surpreendem. Em março, o grupo começou a desacelerar seus investimentos dando um sinal de que os tempos de bonança do SoftBank poderiam ter terminado.
O sinal mais claro veio em agosto deste ano, quando Masayoshi Son, bilionário fundador do grupo com sede em Tóquio, afirmou que planejava cortar custos da operação.
“É a maior perda da nossa história e levamos isso muito a sério”, disse Son na época. “Temos que recorrer a grandes esforços no corte de custos do Vision Fund.” Esses esforços, segundo o executivo, iriam incluir demissões.
Na América Latina, o Softbank já estava desacelerando os investimentos, na esteira do desaquecimento de mercado e da correção de valores dos ativos tech nos mercados públicos e privados.
Nos últimos anos, a gestora ajudou a criar os principais unicórnios da América Latina. Fazem parte do portfólio startups como Rappi, Kavak, Loggi, QuintoAndar, Mercado Bitcoin, Loggi, unico, Bitso, MadeiraMadeira, Merama, Olist, Creditas, Gympass, entre outros ativos bilionários.
Mas, por outro lado, o Softbank inflou valuations e fez diligências apressadas, segundo uma reportagem publicada pelo NeoFeed, que ouviu empreendedores e gestores de venture capital.
Dos US$ 8 bilhões que tem para investir, o Softbank já comprometeu US$ 7,6 bilhões. Restam, portando, apenas US$ 400 milhões. Mas, por fazer parte do Vision Fund, é possível acessar até US$ 2 bilhões para novos investimentos. Os aportes, no entanto, vão seguir num ritmo mais lento.
“Não é uma coisa específica do SoftBank. O ritmo de investimento em novas empresas diminuiu bastante. Acho que a barra é diferente de quando a gente olhava em 2020 e 2021″, disse Szapiro, em entrevista recente ao NeoFeed.
De acordo com o executivo, as startups estão revendo suas projeções de crescimento para ficarem mais próximas da realidade do mercado.
“Muitas empresas que estavam naquela fase de early para growth também estão ajustando um pouco. Em vez de crescer 50%, 60%, 70% ao ano, elas agora estão fazendo suas lições de casa para estarem prontas para o próximo estágio que é Série B e C.”