No dia em que o Brasil garantiu sua passagem para as oitavas de final da Copa do Mundo do Qatar, quem também encerrou o dia com uma boa "classificação", mas no certame da B3, foi a Rumo.
A ação da empresa de transportes ferroviários da Cosan ficou entre as maiores altas desta segunda-feira, 28 de novembro, depois que Bank of America (BofA), Credit Suisse e XP Investimentos embarcaram no otimismo da tese de investimento da companhia.
Os papéis da empresa fecharam o pregão de hoje com alta de 3,65%, a R$ 19,60. Com isto, as ações acumulam uma valorização de 10,5% no ano, levando o valor de mercado da companhia ao patamar de R$ 36,3 bilhões.
Um dos nomes que enxergam a operação entrando nos trilhos, o BofA alterou a recomendação para as ações da Rumo de neutro para compra. O preço-alvo sofreu uma leve diminuição, de R$ 24 para 23, em função do aumento do custo de capital diante das circunstâncias econômicas.
Segundo os analistas Rogério Araújo e Gabriel Frazão, depois de sete trimestres decepcionantes, os números do terceiro trimestre indicaram que a companhia está em um “ponto de virada”.
No período, a empresa registrou lucro líquido de R$ 309 milhões, alta de seis vezes em relação ao mesmo trimestre de 2021. A receita operacional líquida avançou 50,1%, para R$ 2,9 bilhões, e o Ebitda cresceu 58,2%, para R$ 1,4 bilhão.
Para o BofA, a Rumo está conseguindo obter ganhos com tarifas, ao repassar os aumentos de custos, além de ter melhorado suas operações, o que deve se traduzir em bons resultados a partir do ano que vem.
“Agora, a companhia está negociando contratos do tipo take or pay (com cláusula de obrigatoriedade de pagamento para a empresa, mesmo se carga não for entregue) para 2023 e está focada em maximizar o uso de sua capacidade ao longo do ano, garantindo que também transporte grãos em períodos de demanda menor”, diz trecho do relatório.
A questão dos ajustes de tarifas é um ponto em comum entre os analistas que acompanham a empresa. Para o BofA, considerando os ajustes que foi capaz de fazer no terceiro trimestre, a Rumo pode elevar as tarifas das operações no Norte em cerca de 20%, acima dos 15% estimados anteriormente.
Os analistas do banco americano estimam que isso deve elevar o Ebitda esperado para o ano que vem de R$ 5,5 bilhões para R$ 6 bilhões, mesmo considerando os gastos com a extensão da Malha Norte e a atividade na Malha Sul, após a normalização da safra de grãos na região.
As tarifas maiores viriam para capturar os altos volumes previstos para a safra 2022/23. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima uma produção de 313 milhões de toneladas de grãos no País, um aumento de 15,5% em relação à safra 2021/22. No Centro-Oeste, a projeção indica um crescimento de 7,5% da produção de grãos, para 137,8 milhões de toneladas.
A questão das tarifas também foi levada em conta por Regis Cardoso, Henrique Simões e Alejandro Zamacona, do Credit Suisse. O banco decidiu elevar o preço-alvo para as ações da Rumo de R$ 21 para R$ 24. A recomendação é de compra.
Os analistas do banco elevaram as estimativas para o Ebitda ajustado da empresa de 2022 e 2023, de R$ 4,4 bilhões e R$ 5,2 bilhões, para R$ 4,7 bilhões e R$ 5,6 bilhões, respectivamente, para refletir o maior poder de precificação da Rumo.
Outro ponto que explica o otimismo com a Rumo são as perspectivas do projeto de extensão da Malha Norte de Rondonópolis até Lucas do Rio Verde, ambas cidades em Mato Grosso com grande peso na produção de grãos do País.
Mesmo que o investimento previsto para as obras tenha subido de uma faixa de R$ 9 bilhões a R$ 11 bilhões para um intervalo previsto de R$ 14 bilhões a R$ 15 bilhões, os analistas do Credit Suisse afirmam que o projeto é importante para mudar o patamar da companhia.
“Nós acreditamos que os retornos previstos para o projeto podem ser preservados com base num mercado endereçável potencialmente maior, com 87 milhões de toneladas de grãos para exportação em 2030, das 81 milhões de toneladas previstas anteriormente, e o aumento das tarifas”, diz trecho do relatório.
Os analistas da XP Investimentos também citaram a extensão como um fator positivo para a tese de investimento da Rumo, afirmando que a companhia se beneficia de um ambiente regulatório positivo em Mato Grosso, com a adoção do modelo de autorização, que dispensa o leilão de trechos.
Considerando o porte da Rumo, eles acreditam que a empresa será a única capaz de implementar projetos nesse regime, fazendo com que o projeto seja dominante na região.
Além disso, o início da cobrança de pedágio na BR-163, principal via de escoamento da produção do Centro-Oeste para os terminais da região Norte, será um fator que irá melhorar a competitividade da empresa.
“Este é um evento competitivo importante para a Rumo, pois a tarifa de pedágio, de cerca de R$ 20 a tonelada, agrega competitividade à rota alternativa da Rumo por Santos”, diz trecho do relatório assinado pelos analistas Pedro Bruno, Lucas Laghi e Matheus Sant’anna.
A XP Investimentos tem recomendação de compra para as ações da Rumo, com preço-alvo de R$ 24.