1º de outubro de 1977, Giants Stadium, Nova York. Entre os 75.646 torcedores estão várias personalidades, como o ex-secretário de Estado americano Henry Kissinger e o campeão mundial de boxe Muhammad Ali. Aos 36 anos, em um amistoso entre o Cosmos e o Santos, Pelé faz o 1.281º gol de sua carreira e se despede dos gramados.
Pelas quatro décadas e meia seguintes, até sua morte em 2022, aos 82 anos, em São Paulo, Edson Arantes do Nascimento foi um homem de negócios – administrador da marca Pelé. Ao longo de todo esse tempo, ele emprestou seu nome a campanhas e produtos de todos os tipos.
Vendeu de companhia aérea a remédio contra disfunção erétil. De console de videogame a roupas e acessórios de alto luxo. De aparelho celular a refrigerante. De serviços imobiliários a lãs de aço.
Uma das últimas ações de Pelé aconteceu em 27 de outubro, cerca de um mês antes de ser internado no Hospital Israelita Albert Einstein. Por meio de seu perfil no Instagram, o “rei” anunciou a chegada de um novo item à linha de roupas e acessórios assinada por ele, para a americana Roots of Fight (ROF), em uma parceria firmada cinco meses antes. Os preços variam de US$ 40 a US$ 300.
A peça nova era um moletom azul inspirado nos uniformes da seleção brasileira para a Copa do Mundo da Suécia, em 1958, quando Pelé, aos 17 anos, mostrou seu futebol ao mundo. Nos quatro jogos dos quais participou, o futuro “rei” marcou seis gols e levou para casa o título de melhor jogador jovem. Era apenas o começo.
Em 2010, a marca Pelé, segundo analistas e consultores do mercado publicitário, estava avaliada em R$ 600 milhões. Hoje, esse valor equivaleria a cerca de R$ 1,6 bilhão. Na ocasião, dizia-se que Edson Arantes do Nascimento não saía de casa por menos de R$ 2 milhões. Se fosse para viajar para fora do Brasil, o valor dobrava.
Desde 2009, todos os direitos sobre o uso do nome Pelé pertencem à empresa americana Sports 10. Joe Fraga, CEO da companhia, cuidava pessoalmente do ex-jogador e ele sempre administrou a marca Pelé de modo a fazer com que a imagem do “rei” ficasse acima de qualquer suspeita, longe de qualquer polêmica.
Pelé era tão grande que, caso atuasse no futebol de hoje, seus rendimentos seriam superiores aos jogadores mais bem pagos da atualidade, conforme cálculos da revista Forbes, em 2020. O “rei” receberia US$ 223 milhões por ano, enquanto Messi, o melhor jogador do mundo, ganhava, no mesmo período US$ 126 milhões. A multa rescisória de Pelé não sairia por menos de US$ 302 milhões.