A XP acaba de levantar R$ 1,67 bilhão em seu segundo fundo de private equity, o XP Private Equity II, voltado para pessoas físicas. No total, são 16.274 cotistas que investiram a partir de R$ 25 mil. Trata-se da maior captação da história da XP em investimentos alternativos. “É um momento muito bom de nos posicionarmos com esse fundo”, diz Chu Kong, sócio e gestor dos fundos de private equity da XP Asset, ao NeoFeed.
O momento a que Kong se refere é o de preço de ativos e acesso a capital em período de juros altos e dificuldade de captar no mercado. “A gente surge como alternativa para o empresário que, alías, não tem o mercado de IPOs aberto se ele quiser captar na bolsa”, diz Fábio Kann, sócio e diretor dos fundos de private equity da XP Asset. “Não é só preço das empresas, é acesso a oportunidades que poderiam não aparecer.”
A tese de investimento é voltada para empresas de médio porte, com faturamento entre R$ 100 milhões e R$ 300 milhões, em setores como saúde, educação, serviços financeiros, tecnologia, entre outros. “Já temos conversas em estágios avançados com cinco empresas”, diz Guilherme Teixeira, também sócio e diretor dos fundos de private equity da XP Asset.
Teixeira explica que o fundo deverá investir 40% do capital ainda em 2023. Indagado sobre a atuação em uma empresa investida, Kong diz que ao entrar em uma companhia, o fundo ajuda na gestão do negócio, abrindo portas com networking, indicando diretores e ajudando a delinear a estratégia. A própria história de Kong, que foi o primeiro investidor de private equity da XP, corrobora com a tese.
O primeiro fundo de private equity da XP também serve de exemplo. Ele foi levantado em fevereiro de 2020, quando captou R$ 1,4 bilhão com 5,4 mil cotistas pessoas físicas que investiram a partir de R$ 150 mil. “Foi o primeiro fundo de private equity do mundo acessível a pessoas físicas”, diz Kong. Desde então, em dois anos, o fundo fez oito investimentos que consumiram 92% do capital.
Entre as principais apostas estão o banco digital will bank; a empresa de saúde Vision One, focada em hospitais e clínicas oftalmológicas; a BR Supply, companhia voltada para suprimentos corporativos; e a Pottencial Seguradora. “Temos empresas na carteira que podem se qualificar para uma abertura de capital se os mercados melhorarem”, diz Kong.
A Vision One, por exemplo, recebeu R$ 293 milhões de investimento, o maior cheque do fundo. Em dois anos, além do crescimento orgânico, ela comprou 12 hospitais e a receita operacional da empresa foi multiplicada por dez. Saiu de R$ 65 milhões para R$ 650 milhões de receita bruta.
Kong explica que o fundo II tem a mesma dinâmica do primeiro. Ele é de oito anos, mas a expectativa de prazo de saída é entre três e cinco anos. Diferentemente dos private equity tradicionais, diz ele, os prazos foram encurtados. Os fundos costumam ter prazo de 10 anos e expectativa de saída de três a sete anos. Isso acontece, diz Chu, por conta da agilidade do fundo em investir.
A captação acontece com boa parte dos ativos identificados. Até agora, no primeiro fundo, não houve nenhuma saída. Entretanto, o número mais recente de marcação a mercado do fundo, de março do ano passado, mostra uma valorização nominal de 30%.
A captação do segundo fundo aconteceu porque Chu e sua equipe, formada por oito pessoas, entre eles Guilherme Teixeira, ex-Vinci Partners, e Fabio Kann, ex-Carlyle, encontraram muitas oportunidades, mas o dry powder, o dinheiro em caixa para fazer novos investimentos, do primeiro fundo estava acabando.
Nesses últimos três anos, a equipe avaliou 1.050 companhias. “A nossa capacidade de originação por meio do ecossistema da XP é enorme e isso nenhum private equity tem”, diz Kong. “Quarenta e cinco por cento das empresas avaliadas foram trazidas pelo nosso ecossistema. Se eu tenho poder de originação, eu invisto mais rápido, desinvisto mais rápido.”
Não se espante, portanto, se essa classe de ativo ganhar ainda mais tração dentro da XP e um novo fundo surgir a cada três anos. “Essa é a nossa ideia, ter o fundo três, o quatro, o cinco...”, diz Kong.