O Assaí adquiriu 66 lojas do hipermercado Extra, que pertenciam ao Grupo Pão de Açúcar, no quarto trimestre de 2021. Mas a transação de R$ 3,97 bilhões foi questionada pelos analistas de mercado. Nesse segundo trimestre, com 90% das conversões realizadas, os números do balanço começam a refletir a estratégia da rede atacadista de cash & carry.
“As lojas que já inauguramos têm maturação acelerada porque estão em localização privilegiada”, diz a CFO Daniela Sabbag em entrevista ao NeoFeed. “O resultado de vendas delas é 2,5 vezes (x) maior que o modelo anterior de hipermercado, com rentabilidade crescente e positiva.”
A performance das ex-bandeira Extra convertidas pode ser comparada com as inaugurações orgânicas feitas pelo Assaí. Num período de oito meses, a margem Ebitda é de 6% ante zero a 2% das novas unidades.
De forma geral, a margem Ebitda da rede atacadista no segundo semestre foi de 7%, ante 5,1% registrado de janeiro a março deste ano. Como comparação, o indicador do Carrefour foi de 5,7%. “Mesmo em um contexto macroeconômico desafiador, evoluímos na rentabilidade”, afirma Sabbag.
A geração de caixa operacional do Assaí no trimestre de R$ 5,4 bilhões indica uma melhora de R$ 2,6 bilhões sobre o primeiro trimestre. A explicação dessa diferença está relacionada à melhoria do capital de giro.
No segundo trimestre, a rede atacadista conseguiu reduzir o tempo de estoque de 52 dias para 45 dias. E aumentou o prazo de pagamento para fornecedores de 60 dias para 68 dias.
Com uma maior geração de caixa, a alavancagem do Assaí caiu de 2,78 vezes (x) para 2,62x. Segundo Sabbag, a tendência é que esse indicador se aproxime das 2,2x do primeiro trimestre do ano passado, o que vai em linha com o guidance da companhia.
Da dívida bruta total de R$ 12,9 bilhões, R$ 1,2 bilhão são de curto prazo. Apesar da geração positiva de caixa, o Assaí anunciou em junho a sétima emissão de debêntures simples, não conversíveis em ações, e captou R$ 1,1 bilhão.
Antes da divulgação do balanço do período, a estimativa do BTG e do Itaú BBA para o lucro líquido do Assaí era de R$ 144 milhões e R$ 130 milhões, respectivamente. O lucro líquido da rede atacadista no período foi de R$ 156 milhões.
A receita de R$ 17,6 bilhões, acima da projeção de R$ 16,1 bilhões (BTG) e R$ 16,4 bilhões (Itaú BBA), foi 20,8% maior do que a registrada no primeiro trimestre de 2022.
“Normalmente, os resultados são mais fortes no segundo semestre. O consumidor menos endividado, com queda da taxa de inflação, é melhor para o segmento alimentação. É uma tendência e vai acontecer gradualmente”, afirma a CFO do Assaí.
Com valor de mercado de R$ 17,4 bilhões, a ação do Assaí está em queda de 33,5% no ano e de -16,5% em 12 meses.